04.07.09
O gesto e as palavras
ouremreal
Quando vi o gesto do ex-ministro, na Assembleia da República, a fazer, com os dois indicadores, qualquer coisa parecida com um par de chifres, pensei: o homem passou-se!
Contudo, depois de terminado o debate sobre o estado da nação; depois de ter reflectido sobre tudo o que ouvi durante esse debate e, principalmente, no final, com todos os representantes dos partidos políticos a manifestarem tanto incómodo, tanta indignação com o gesto de Manuel Pinho, mesmo sem eu saber o que ele quis dizer com o tal gesto,concluí que:
- aquele gesto pode ter sido muito menos ofensivo do que muitas das palavras que, por vezes, são ditas na A. da R.;
- aquele gesto prejudica muito menos o país do que muitas das decisões que são tomadas naquela casa;
- a hipocrisia, a falsa moral, a cândida inocência, o tom de suspeição/acusação que enforma alguns dos discursos com que somos presenteados incomodam muito mais do que o gesto do ex-ministro;
- na minha opinião, a A. da R. não é, nunca foi, duvido que alguma vez seja, a casa de todas as virtudes que se quer fazer crer;
- nenhum deputado, qualquer que seja, não pode ser transformado no ser supremo a quem se permita dizer, impunemente, à sombra das mais celestiais imunidades, as barbaridades que lhe vêm à cabeça; porque o facto de ter sido democraticamente eleito, não lhe pode conferir o democrático direito de ofender alguém, que, também democraticamente, só possa ser obrigado a ouvir e calar.
De facto o gesto não foi bonito! Nem feio! Devia ter sido evitado!
Tal e qual como muita da conversa inútil que por lá se ouviu!
Mas, se o gesto quis dizer o que me apeteceu dizer no final daquilo tudo...então, sr. 1º ministro, o sr. cometeu mais um erro: um não! dois:
1º - não devia ter pedido desculpas a ninguém;
2º - não devia ter aceite a demissão do ministro.
Porque, de facto, aquilo tudo não valeu um caracol...!!!
O.C.