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OuremReal

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10.08.23

Jornadas Mundiais da Juventude


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Terminaram as Jornadas Mundiais da Juventude!

Vi, ouvi e li bastante sobre o que se foi passando e, naturalmente, confrontando tudo isso com as minhas ideias, convicções, preocupações e ambições também tirei algumas conclusões:

Primeira – O Papa Francisco não parece um Homem deste tempo! Quero com isto dizer que, estando a mensagam que transmitiu completamente desenquadrada do contexto social atual, ou desconhece a realidade, o que não é provável, nem seria admissível, ou, conhecendo-a, decidiu provocar aqueles que sustentam essa realidade e dar uma pedrada no charco, sem medo de enfrentar as ondas de choque que daí poderão surgir. Talvez, também, porque sinta que a sua idade e saúde já não lhe permitirão estar em Seul (sabe-se lá!) e está na altura de dizer o que pensa para que nada fique por dizer! Por isto, se foi (também) por isto que disse o que disse, tem, ainda mais, o meu apreço.

Segunda – Duvido que qualquer evento que tivesse um objetivo diferente tivesse a adesão, o investimento, o compromisso, a publicidade e, ao que se diz, o sucesso que este teve! Andamos há meio século para encontrar um sítio para fazer um aeroporto, por exemplo, e ainda não fomos capazes de o encontrar. De repente, é preciso organizar um evento da Igreja Católica e, em quatro anos, aparece o sítio adequado, o capital necessário para investir, fazem-se as infraestruturas adequadas, mobilizam-se milhares de colaboradores e voluntários, as figuras do costume mostram-se e desdobram-se em aparições e apelos aqui, ali e acolá e aparece um milhão e meio de peregrinos. É certo que estamos a falar de coisas diferentes, dimensões diferentes e, sobretudo, de interesses diferentes...! Mas, mesmo assim, a pergunta é óbvia: que outra organização teria idêntica capacidade mobilizadora?

Terceira – Há palavras que soam bem! Ainda melhor se forem ditas por um Homem com o carisma do Papa Francisco! Eu gostei de ouvir! Mas duvido que toda a gente tenha pensado da mesma maneira, quando se ouviu, por exemplo, TODOS, TODOS, TODOS! NÃO TENHAIS MEDO! Creio que estaria a falar para dentro da sua Organização, porque isso foi uma constante do seu discurso! E, aí, entende-se bem o alcance e objetivo das palavras! Mas creio bem que a grande maioria dos que escutaram esses incentivos os receberam, entenderam como sendo um apelo a que cada um, no seu dia a dia, nas suas vidas, procure transcender-se, destacar-se, suplantar os outros, “libertar-se” dos constrangimentos sociais. Porque há regras, há direitos e deveres, há liberdade, responsabilidade e repeito pelo outro, qualquer que ele seja, que limitam, condicionam o indivíduo. Ignorar isso é cultivar o individualismo, o cada um por si, que, naturalmente, conduzirá ao egoísmo! Não é esse o objetivo das palavras do Papa Francisco, mas será isso que acontecerá se transpusermos, pura e simplesmente, para a sociedade, no seu todo, o que o Papa pretende para a sua Igreja! Trata-se de dois universos nuito diferentes|! E parece claro que não será pela soma dos individualismos, pela competição que se vem cultivando na sociedade atual, que se alcancerá o bem comum! Como, à partida, não temos todos as mesmas condições... ou alguém cuida de “ajustar/regular” os percursos ou, no final das contas, uns terão muito, outros pouco e muita gente quase nada. E não é isso que o Papa Francisco quer!

Para terminar, duas reflexões: Em primeiro lugar: fala-se em muitos milhões gastos, questiona-se a transparência de alguns atos e ficam dúvidas sobre o retorno do investimento. Esperemos que o tempo vá esclerecendo tudo isto e que possamos concluir que todo o esforço feito valeu a pena. Segundo, o aproveitamento que algumas figuras públicas fizeram do acontecimento pareceu, claramente, exagerado e fica a dúvida se esse “exibicionismo” se deveu a critérios da comunicação social, televisões acima de tudo, que terão, naturalmente os seus interesses e objetivos, ou se se trata de uma “necessidade” existencial dos protagonistas, que, por vezes, parece doentia.

O.C.