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OuremReal

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14.06.20

Presidenciais 2021


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Acerca da saída do ministro das finanças do governo li, ontem, um comentário que se resumia, mais ou menos, no seguinte: Mário Centeno saiu do governo, porque precisa preparar a sua candidatura à Presidência da República em 2021. Assim mesmo! Não sei se alguém já se teria lembrado disto antes, se o próprio MC alguma vez o pensou ou virá a pensar! Pouco importa!

E, neste cenário, desenhava-se o filme que era, mais ou menos, assim:

A direita democrática , PSD e CDS, tem o seu candidato natural – Marcelo Rebelo de Sousa. Embora militante do PSD terá o apoio institucional do CDS, caso se (re)candidate ao cargo. Isto, porque o CDS já percebeu, há muito, que a este nível ou em legislativas, e mesmo autárquicas, ou se mantém colado ao seu vizinho da direita, ou corre o risco de desaparecer. O PSD também sabe que sem o seu apêndice da direita a sua posição tende a fragilizar-se, portanto, o melhor é harmonizar as posições. Para ambos há duas novas ameaças: Ventura e Cotrim que só poderão ir buscar apoios aos terrenos de Rui Rio e Francisco R. Santos.

Na outra direita parlamentar há, pelo menos, um candidato anunciado pelo Chega, André Ventura, enquanto a Iniciativa Liberal ainda nada anunciou sobre o assunto, não sendo expectável que apoie Marcelo. Esta direita irá contabilizar uma parte dos que há três anos ajudaram e eleger Marcelo, mas estão descontentes com a sua magistratura, onde se incluem, naturalmente, os saudosistas do dr. António, mesmo que muitos não tenham vivido no seu tempo e não saibam nada da realidade de então; mesmo assim, vão dizendo que nesse tempo é que era bom, porque havia ordem, respeito, segurança, trabalho, havia muito ouro, não havia corrupção, nem marginalidade, nem migrantes, nem nenhuma das “desgraças” de hoje. O povo era ordeiro, vivia feliz com os seus costumes, os trabalhadores trabalhavam, os patrões mandavam, nada de greves nem manifestações, nada de partidos políticos, porque a União Nacional era a nossa Pátria e tanto bastava, havia futebol aos domingos para entreter o pessoal, a religião ajudava a manter as almas serenas e a polícia política fazia o resto que fosse necessário, com as penitenciárias e o Tarrafal, a “tratar” dos mais renitentes. Ora, esta gente, ou grande parte dela, já percebeu que com o atual Presidente da República, não alcançará os seus objetivos e as críticas já se vão fazendo ouvir, sendo de prever que com o aproximar do ato eleitoral se vão agudizando.

Do lado da esquerda é previsível que tanto o BE como o PCP / PEV apoiem candidatos da área respetiva tentando que as coisas se resolvam na segunda volta. O que não é previsível é o comportamento do PS! O secretário geral já deu um ar da sua graça quando, publicamente, incitou Marcelo a recandidatar-se, o que foi entendido como um apoio que parece não ter caído bem em muitos socialistas; as opiniões divergentes não se fizeram esperar e as “movimentações” internas que parecem começar-se a desenhar deixam prever que das duas uma: ou aparece um candidato que reúna o consenso do partido, o que já não é fácil, dada a atitude do secretário geral, ou acabará por acontecer o que já vem acontecendo em situações semelhantes – o partido vai-se dividir, uns votarão em Marcelo, outros num candidato da área socialista que acabará por aparecer e, muitos outros não votarão.

No primeiro cenário, com um candidato de consenso na área socialista e, aqui, aparecia o nome de Mário Centeno, seria de prever que nenhum candidato recolhesse a maioria absoluta na primeira volta e, na segunda, haveria a grande probabilidade de Marcelo não ser reeleito, já que, pelo menos em teoria, o peso eleitoral de toda a esquerda, sem a divisão do PS, seria maior do que o da direita. Contudo, a atitude de António Costa com a conversa na Auto-Europa, vai, muito provavelmente, provocar a divisão do eleitorado socialista e, se assim for, Marcelo terá a reeleição garantida.

Veremos!

 

O.C.