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OuremReal

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15.02.19

Moção de censura


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A líder do CDS, Assunção Cristas, vive num autêntico sufoco! Já não sabe o que fazer para tentar travar a descida previsível do seu partido, e a sua própria, a caminho duma próxima votação abaixo dos dois dígitos percentuais. Já tentou de tudo! Confrontando e contrariando, constantemente, a sua atual postura com a prática que teve enquanto esteve no governo, evidencia a enorme falta de capacidade para apresentar qualquer alternativa válida no sentido de colmatar as falhas que aponta à atual governação, tal como não teve capacidade, inteligência e clarividência para evitar toda a austeridade que afetou os portugueses enquanto governante. Aproveita todas as desgraças para acusar o governo. Os incêndios, a derrocada da pedreira, o bairro da Jamaica, os grevistas da saúde, da educação, da justiça, onde quer que haja uma greve, um problema social, ela está lá, a tomar partido pelo descontentamento, mas sem dizer uma palavra acerca da maneira como resolveria essas questões. Falhou na tentativa de inviabilizar o O.E., no esforço concertado da direita parlamentar, mas não desistiu de usar todos os meios possíveis para dificultar e inviabilizar a governação e, se possível, derrubar o governo. A toda esta incapacidade juntam-se outras preocupações: por um lado, o facto do PSD de Rui Rio não ser, exatamente, como o de Passos Coelho; por outro, o surgimento de novas forças políticas na área da direita, com as dissidências verificadas na ala mais à direita do PSD, com destaque para a Aliança de Santana Lopes, que ameaçam, claramente, levar algum do eleitorado tradicional do CDS. Embalada pela onda de contestação que vai alastrando pela Europa, animada com o populismo de alguns líderes e movimentos, entusiasmada com o derrube do governo dos vizinhos espanhóis que já têm eleições intercalares marcadas para 28 de abril próximo, resolveu passar ao ataque e jogar na antecipação, apresentando uma moção de censura ao governo, porque as eleições para o Parlamento Europeu estão à porta e, depois, as do Parlamento nacional. Com isto, parece claro que pretende pressionar o PSD e testar o seu posicionamento, na expetativa de poder colher dividendos futuros.

Tanto quanto é possível prever, a esquerda parlamentar não vai deixar aprovar a moção de censura pelo que toda esta encenação se resumirá ao teste ao PSD. Se votar ao lado do CDS dir-se-à que anda a reboque, não tem iniciativa e o partido de Cristas procurará colher louros, assumindo-se como verdadeira oposição. Não sendo expectável que vote contra a moção, resta ao PSD a abstenção e, aí, o que transparecerá é um certo afastamento entre as duas forças de direita suscetível de vir a provocar dificuldades para um entendimento futuro.

Em resumo: uma moção de censura do CDS ao governo que mais não é que um teste ao PSD para clarificar, ou tentar clarificar, quem é quem na direita parlamentar portuguesa.

 

O.C.