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OuremReal

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18.12.18

O acidente do helicóptero do INEM


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O recente acidente com o helicóptero do INEM veio mostrar, uma vez mais, que há profissões de elevado risco, que há pessoas que correm esses riscos para ajudar os outros, que há organismos que parece que não encontram o ritmo certo para desempenhar as funções para que foram criadas, que há pessoas que teimam em colocar-se no centro do “mundo”, que tudo aproveitam para a luta partidária, que há gente que devia estar calada, porque falar antes de tempo faz correr o risco de dizer disparates e induzir outros em erro e, ainda, a tendência doentia de valorizar o que, de momento, não é mais importante em prejuízo do que, de facto, é prioritário.

Infelizmente, quatro pessoas perderam a vida, quando terminavam uma missão que consistiu em conduzir ao hospital uma pessoa em perigo de vida. A vontade de regressar à base, dar a missão por terminada e repor a equipa em prontidão terão feito com que a viagem de regresso tivesse sido decidida com condições meteorológicas adversas. Quando o piloto do helicóptero decide descolar de Massarelos e informar o controle aéreo do Porto de que vai manter 1500 pés de altitude (450 m acima do nível do mar) e que regressará ao ponto de partida se não tiver condições para aterrar e reabastecer em Baltar, ter-se-á de concluir que, além de estar a voar em condições de visibilidade que lhe garantem ver o caminho, também tem um profundo conhecimento do terreno para, na eventualidade de, momentaneamente, perder essa visibilidade, continuar em segurança. Por razões que se desconhecem, não foi o que aconteceu. Terá embatido numa torre de comunicações que estaria a uma altitude próxima dos 400 m e despenhou-se. Mesmo que as exatas causas fiquem por esclarecer, porque o helicóptero não tem as caixas de registo de voo, sabe-se que não comunicou ao controle de tráfego aéreo qualquer avaria; embateu na antena, porque, certamente, não a viu; e, se não a viu, é porque perdeu a visibilidade e, nesse caso não deveria ter prosseguido, ou, pelo menos, devia saber que a 1500 pés correria riscos que não teria corrido se soubesse que a antena lá estava e tivesse passado a voar mais alto.

Depois...bem, depois disto vem o problema das operações de socorro que, uma vez mais, parece que teimam em não funcionar. Ou é o 112 que não avisou quem devia, ou é o comando distrital de operações de socorro que não atendeu chamadas telefónicas, ou foi a navegação aérea que não deu o alerta tão depressa quanto devia, ou é o presidente dos bombeiros que quer um rigoroso inquérito e que se retirem as necessárias consequências políticas, ou é, no fundo, a Autoridade Nacional de Proteção Civil que, uma vez mais, é posta em causa e, por arrastamento, o ministro e o próprio governo que são alvo de todas as críticas por parte duma oposição que aproveita todas as desgraças para fazer fora da Assembleia da República o que não consegue fazer lá dentro. Mesmo que as circunstâncias em que ocorreu o acidente não tivessem permitido um desfecho diferente, ainda que o socorro tivesse chegado de imediato, fica uma certeza: duas horas depois é inadmissível! Mesmo tendo em conta as condições climatéricas, a hora tardia, a falta de visibilidade e o desconhecimento exato do local de embate. O mecanismo de comunicação entre os patamares da hierarquia tem que ser agilizado, rápido e eficaz. Cada um tem que saber o que tem a fazer e ser responsabilizado por isso. Não pode haver indefinições, não tem que haver duplicações. A estrutura hierárquica tem que ser simples e competente.

Como sempre acontece em casos idênticos, há muita gente a dizer coisas, porque a comunicação social, em especial as televisões, precisam de preencher noticiários e quanto mais divergências encontrarem no que se diz, melhor. Fala o Presidente, fala o ministro, fala o comentador, falam os responsáveis partidários, toda a gente diz coisas, quando, afinal, não se sabe, ainda, o suficiente para falar com precisão.

Esperemos que os inquéritos de que se fala, e já são quatro, ao que se diz, sejam céleres, conclusivos e tornados públicos para que possamos, todos, saber a verdade do que se passou.

 

O.C.