30.10.17
Santana - o exemplar
ouremreal
Citando Pedro Santana Lopes, candidato à liderança do PSD: “Se ganhar, como espero, o PPD/PSD terá um líder que entende que o Presidente da República não pode ser oposição aos governos. A oposição tem de se valer por si própria, não pode querer ganhar com a ajuda do Presidente da República”, frisou, prometendo “colaboração exemplar” ao chefe do Estado. Santana Lopes ainda acrescentou: "Admito que [o Governo] possa não chegar ao fim da legislatura. Esta frente de esquerda de socialistas, comunistas e extrema-esquerda é inédita na Europa e é má para Portugal”.
Pegando nestas palavras e noutras que já proferiu elogiando o alto sentido patriótico de Passos Coelho pelas medidas que tomou durante o seu governo (2011-2015) ficamos esclarecidos de que:
- Santana Lopes está a jogar na antecipação. Antes que digam que está a ser ajudado pela postura recentemente assumida pelo PR para com o governo, vem dizer que, na oposição, não precisará daquela ajuda. Não será alheio a esta declaração o facto de se dizer, com insistência, que Santana é o preferido de Marcelo para dirigir o partido a que ambos pertencem, pensando sempre numa alternativa de governo. Daí a necessidade de vir marcar, ou tentar marcar, as necessárias (mesmo que aparentes) distâncias.
- Depois, a promessa de "colaboração exemplar"com o Presidente. Santana sabe muito bem que tudo o que, neste momento, se possa fazer que desagrade ao Presidente, ou que não seja feito, exatamente, como ele acha que deve ser, será, imediatamente, transformado pela comunicação social e pelos agentes da oposição numa afronta. Como não vivemos num sistema presidencialista, onde, de facto, quem governa é o Presidente e o Primeiro-Ministro obedece, fica-se na dúvida se Santana está a pensar nessa modalidade ou se está, apenas, e por oportunismo, a encostar-se à figura presidencial.
- Quanto ao governo não chegar ao fim da legislatura...é bem possível que isso aconteça! Não é por falta de esforços nesse sentido que deixará de ser uma realidade. Não é por falta de "factos" que vão acontecendo sem que se percebam (ou talvez percebam) as causas, que isso deixará de acontecer. Ao roubo das peças de Santa Margarida, dos paiois de Tancos, aos incêndios de junho, aos de outubro, à polémica da reforma da floresta, dos donativos para as vítimas, das indemnizações e, provavelmente das inundações que hão de vir, porque a seca já aí está, infelizmente, tudo servirá para atacar o governo e dar protagonismo a quem, não tendo a missão de governar, se acha no direito de ditar sentenças e fazer exigências a quem governa. Os seguidores gostam, aplaudem e esperam tirar proveito disso.
- Por fim: a atual solução governativa é inédita na Europa; logo, a Europa que a direita controla não gosta. É normal! O contrário é que seria de espantar! E é má para Portugal, diz Santana! Só não explica porquê! Se é porque a direita não gosta… aqui, terá que ter paciência! Se é porque os Portugueses não gostam e, como nem todos os Portugueses são de direita...terá que aguardar pelas próximas eleições para que eles se manifestem. Só não sabemos quando!
O.C.