20.06.17
Os incêndios
ouremreal
Na sequência da tragédia que no último sábado se abateu sobre a região do centro interior do nosso País, concelhos de Pedrógão Grande e Castanheira de Pera, tenho ouvido, visto e lido coisas, tantas coisas, algumas inimagináveis, que me levam a pensar que, das duas, uma: ou há pessoas tão mal formadas, ou mal informadas, ou mal intencionadas como nunca imaginei, ou, se assim não for, serei eu o mais ignorante de todos!
Não falo em técnicos disto e daquilo, em peritos desta ou daquela área, que sempre aparecem, porque esses terão alguma base de conhecimento para sustentar o que dizem. Se, nuns casos, as suas teorias podem estar desajustadas das realidades (que nem sempre conhecem suficientemente bem) e que, se fossem aplicadas, não produziriam os efeitos que julgariam obter, noutros, o seu saber, as suas opiniões, sejam favoráveis ou não ao que está em vigor, serão sempre de ter em conta.
Não vale a pena falar mais, em alguns órgãos da comunicação social que, ao que parece, aproveitam a desgraça alheia para fazer render o negócio. Por exemplo, é chocante, é duplamente chocante, ver uma repórter de um canal de televisão a fazer um direto junto aos restos de um automóvel completamente queimado, ou junto ao corpo carbonizado de uma senhora, ainda no chão. Isto é o quê? Sou levado a crer que se pretendeu criar um sentimento de choque, de indignação nos espectadores propiciador à criação de um clima onde caísse bem o repto que, de seguida, lançou à ministra da administração interna: quantas mortes é preciso haver mais para que se demita?
Falo, principalmente, dos que parece que sabem de tudo, mas que, ao fim e ao cabo, o que fazem é exprimir as suas ideologias, as suas convicções, nem sempre com um sentido crítico construtivo, mas, quase sempre, com a intenção de aproveitar as emoções do momento para atacar quem os incomoda. Fora ou dentro do contexto! Pouco importa! Dizer, por exemplo, que a culpa dos incêndios, das mortes, dos feridos, do património destruído é do governo, que a ministra da administração interna e o ministro da agricultura deviam ser demitidos, são opiniões que não consigo perceber em que se fundamentam. Como se fosse este governo, ou outro qualquer, o culpado pelas condições atmosféricas capazes de desencadear catástrofes desta natureza! Que se diga que o ordenamento do território nacional e obviamente, da nossa floresta é, mais ou menos caótico…não andará longe da realidade! Mas teremos, sempre, para sermos justos, que perguntar: Desde quando? Por culpa de quem? E como se resolve? E esta última pergunta será, em meu entender, a de resposta mais difícil! Porque aqui cabem aspetos tão complicados como o ordenamento, a prevenção e o combate aos incêndios!
Depois, como vai acontecendo de vez em quando, a velha questão de ser a Força Aérea a combater os incêndios como se esta solução estivesse isenta de custos e, assim, se evitassem gastos de milhões com a contratação de meios aéreos externos. Certamente que quem defende esta solução terá feito as contas, coisa que eu não sei fazer, embora admita que se possa economizar! Não sabendo isso, sei, ou julgo saber, duas coisas: 1 - A Força Aérea tem pessoal competente para desempenhar essa função; 2 – A Força Aérea não tem aeronaves adequadas nem orçamento para essa função. Façam-se as contas e decida-se o que for melhor! Mas acabe-se com o mito de que com a Força Aérea se acaba com os milhões gastos a combater incêndios!
O.C.