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OuremReal

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23.03.17

O relatório do BCE


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Segundo o BCE (Banco Central Europeu), há seis países da U.E. que apresentam desequilíbrios excessivos nas suas contas (Bulgária, Chipre, Croácia, França, Itália e Portugal) e três destes (Chipre, Itália e Portugal) vão ter de apresentar em Bruxelas, até ao próximo mês de Abril, um programa de medidas a adotar no sentido de reverter esta situação. Se o não fizerem, o BCE ameaça desencadear procedimentos de penalização, aplicação de sanções que, no caso português, poderão ir aos 190 milhões de euros.

Ora, no momento em que as “contas” internas parecem (ou pareciam!) registar alguma melhoria e o país começava a respirar algum alívio pela previsível saída, já no próximo mês, do chamado “procedimento por défice excessivo” o BCE vem, com o seu último relatório, pôr tudo isto em causa. Porquê? Os entendidos saberão responder! Eu não sei! Mas não deixo de ter uma opinião, que é a seguinte:

Em primeiro lugar, porque quem dirige a EU (Banco Central Europeu, Parlamento Europeu e Comissão Europeia), assim como o FMI, nunca viram com bons olhos a atual solução governativa encontrada pelo Parlamento Português e, consequentemente, a política seguida pelo atual governo. As famílias políticas tendem a desenvolver um sentimento tribal de proteção dos seus membros e, consequentemente, dificultar a vida aos adversários. Vai sendo normal!

Em segundo lugar, porque se esta solução vingar (ou vingasse!) seria o descrédito da política de grande austeridade que impuseram e que o governo anterior seguiu e a confirmação de que, afinal, havia outra alternativa. Não é, pois, de estranhar que vão dificultando, ora com chamadas de atenção, como faz o ministro alemão das finanças, ora com taxas de juro por medida, mais as graçolas do ministro das finanças da Holanda e Presidente do Eurogrupo e os palpites da presidente do FMI, ou, como agora, com este relatório do BCE, ou, ainda, com as notações das agências de rating que lá vão fazendo a “reciclagem” da lixaria que vai por esta Europa, conforme as conveniências dos donos.

E é nesta “encruzilhada” que surge o sr. Presidente da República que, agastado com o relatório do BCE, referindo-se ao vice-presidente desta instituição, pergunta:

O que é que Vitor Constâncio lá está a fazer?

Ora, a resposta parece óbvia: como o sr. prof. Marcelo muito bem sabe, o vice-presidente do BCE estará lá para fazer aquilo que o mesmo BCE quer que ele faça, ou seja, defender os interesses e os pontos de vista da instituição que lhe paga; com ou sem vontade do próprio…assim terá que ser!

Se a mesma pergunta tivesse sido feita há uns anos atrás, quando Vitor Constâncio foi governador do Banco de Portugal, aí sim, talvez tivesse havido pertinência na questão. Provavelmente, muita da libertinagem bancária a que temos assistido e que bem cara nos está a sair, poderia ter sido evitada. Agora…

E a propósito: Por que é que não se faz uma pergunta idêntica acerca do atual governador do Banco de Portugal?

O que é que Carlos Costa lá está a fazer?

 

O.C.