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OuremReal

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14.08.16

14 de agosto de 1385


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14 de agosto de 1385 - batalha de Aljubarrota.

Curiosamente, pela coincidência da data, neste mesmo dia 14 de Agosto, mas do ano de 1433, morreu o vencedor de Aljubarrota, o rei D. João I.

Não adianta falar muito daquela batalha, porque estamos todos mais que informados sobre o assunto. Entre verdades, meias verdades, “inverdades” muita imaginação e algum patriotismo, os "cronistas do regime" encarregaram-se, ao longo dos séculos, de nos dar a informação que mais convinha para que pudéssemos chegar à conclusão que éramos/somos os "maiores", capazes de feitos ímpares, como um exército de 10 mil a vencer outro de 30 mil e por aí fora. Não terá sido tanto assim, creio eu, mas o que é verdade é que ganhámos essa luta, conseguimos expulsar o invasor castelhano e pôr termo à tal crise (1383/85) que resultara da sucessão ao trono de Portugal, na sequência da morte do rei D. Fernando, ao qual o rei castelhano se achava com direito por ser casado com D. Beatriz, filha de D. Fernando.

Para este sucesso terão concorrido vários fatores dos quais se deverá realçar a visão estratégica e tática de Nuno Álvares Pereira. Pela decisão que tomou de intercetar o invasor antes que ele pudesse chegar a Lisboa e juntar-se à armada castelhana que cercava a capital portuguesa, contrariando a vontade do Mestre de Avis que preferia atacar Castela pelo sul, na região de Sevilha, para obrigar os castelhanos a retroceder; depois, pelo local que escolheu para o combate e pela maneira como dispôs as suas tropas. É assim que rezam as crónicas! Admitamos que assim terá sido!

É interessante verificar que os castelhanos não desistiam de dominar Portugal. Esta tentativa falhou, mas outras se seguiriam até que, em 1580 foi de vez.

Também o contexto internacional a pesar – estávamos em plena guerra dos 100 anos (assim chamada porque durou desde meados do séc. XIV a meados do séc. XV) e pôs frente a frente, como principais protagonistas, Ingleses e franceses.

E os interesses a serem determinantes – Em Aljubarrota Portugal teve ajuda das tropas inglesas e os castelhanos a das tropas francesas. Porque Portugal tinha um acordo de comércio (e não só) com Inglaterra e esse “negócio” ficaria prejudicado se Castela dominasse Portugal e, logo a seguir, como iria acontecer, a França ocupasse o lugar da Inglaterra na condução desse mesmo comércio.

Também nos diz a história que esse tratado ( lembram-se do Tratado de Windsor?) nem sempre nos serviu de grande coisa e que, nisto  de tratados, às vezes a letra da lei, outras vezes o espírito da mesma lei, se inclinam mais facilmente para o lado dos mais fortes…!

Por outro lado, a França tinha apoiado movimentos independentistas da Escócia o que não era visto com bons olhos pelos ingleses e estas coisas, na hora de fazer contas, são todas contabilizadas.

Também no acordo de casamento de D. João I de Castela com a filha do rei de Portugal, tinha ficado escrito que o monarca castelhano nunca poderia ser rei de Portugal e, quando chegou a hora certa…o acordo foi esquecido.

E, continuando a falar de interesses... logo após a vitória de Aljubarrota e para que o tal acordo bilateral ganhasse ainda mais consistência, foi decidido o casamento de D. João I de Portugal com a princesa inglesa D. Filipa de Lencastre. (Só um parêntesis para dizer que é confrangedor ver como as ditas princesas eram usadas como moeda de troca/interesses/favores/pagamentos nestas "negociatas" da Idade Média!)

E, ainda, outros interesses - como sempre foi e continuará a ser, a sociedade portuguesa, principalmente a nobreza e o clero, que eram as classes dominantes na altura, estavam divididas – uns apoiavam D. Beatriz para sucessora do pai, outros apoiavam o Mestre de Avis. E, como diz a história, em Aljubarrota estiveram frente a frente, além dos próprios reis e muita nobreza de ambos os reinos, os irmãos Pedro Álvares Pereira, por Castela e Nuno Álvares Pereira, por Portugal. Como se sabe, Pedro terá morrido na batalha e o irmão, em sua honra, terá mandado erguer uma cruz, na base do monte onde se ergue o castelo de Ourém, no sítio chamado Regato, (assim continua a ser designado). E próximo dessa cruz as pessoas se foram fixando; e uma aldeia foi crescendo até que adquiriu a denominação de Aldeia da Cruz. E quando, por razões várias, a vila medieval de Ourém perdeu gente e importância a favor da aldeia, a rainha D. Maria, em 1841, mandou elevar o seu estatuto à categoria de vila com o nome de Vila Nova de Ourém.

Não sei se tudo se terá passado exatamente assim! Mas, se passou… até fica uma história engraçada!

Foi só para recordar a data de 14 de agosto de 1385!

 

O.C.

12.08.16

Incêndios


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Há pouco, vi e ouvi, na televisão, a sr.ª ministra da Administração Interna dizer, em tom de lamentação, que ao pedido de ajuda lançado por Portugal aos seus parceiros europeus para combater a vaga de incêndios que nos vai destruindo, apenas houve uma resposta – a da Itália.

Logo a seguir, o sr. primeiro-ministro, em jeito de crítica e chamada de atenção para com os mesmos parceiros europeus, dizia que a EU teria que repensar nos meios necessários para dar resposta a situações de emergência como aquela que estamos a atravessar. Certamente que estaria a pensar na conversa fiada de um responsável da dita união que, ao ser questionado sobre o assunto, terá afirmado que as situações de incêndio são muitas ao nível dos países da união e que os meios são limitados.

Isto suscita-nos dois comentários:

- Primeiro – Estavam à espera de quê? Desde quando é que Portugal está nas preocupações dos “donos”da EU? Desde quando é que este país interessa, a quem quer que seja (dentro da dita união), a não ser pela capacidade que temos tido (e continuamos a ter) de, por um lado, nos autodestruirmos, desmantelando, vendendo tudo quanto nos podia dar lucro e, por outro, nos afogarmos em dívidas e asfixiarmos com o pagamento dos juros dessas mesmas dívidas para ir engordando os grandes bancos europeus, com os alemães à cabeça?

Desde quando é que um periférico, pobre, endividado e ingénuo pode ter mais pretensões que não sejam as de poder aproveitar as sobras dos outros?

Parece que nascemos ontem…! É que, afinal, os 8 séculos e meio de existência que já contamos, parece que ainda não chegaram para que nos afirmemos como um país a sério, verdadeiramente independente e respeitável! É uma pena…!

E se os outros nos começam a ver como aqueles irresponsáveis que não se sabem governar e, quando se veem aflitos, saltam a gritar por ajuda…também temos que admitir que esses outros se sintam mais à vontade para nos mandar “à fava”!

- Em segundo lugar – Está tudo a arder! Outra vez! Vem sendo assim há anos! E a primeira pergunta que se tem que fazer é simples: Porquê? E, a seguir, mais umas quantas perguntas: Quanto custa aos cofres do Estado uma campanha de combate a incêndios como a de este ano? Para não falar em vidas humanas que se possam perder e que não cabem em nenhum orçamento…! Quanto se investiu, durante este ano, (e nos outros) na campanha de prevenção para evitar que esta calamidade acontecesse ou, pelo menos, fosse minimizada? Quem poderá beneficiar com esta desgraça? Qual o prejuízo patrimonial/material irreparável que daqui resulta? Alguém faz/fez estas contas para que se possam/pudessem tirar conclusões e adotar medidas sérias que nos livrem deste flagelo? Há alguém responsável com a coragem necessária e suficiente para fazer/mandar fazer um estudo sério sobre esta problemática e dar a conhecer as conclusões aos portugueses? E já agora: há alguém responsável com coragem para sujeitar essas eventuais conclusões a um amplo debate nacional (com ou sem Assembleia da República) e aceitar sugestões a acolher (ou não) numa decisão final?

É claro que as perguntas nunca mais acabariam!

E a última! Inevitável: Haverá alguém com culpa pelo que está a acontecer?

Ou será que todo o mundo está de consciência leve e tranquila como se nada tivesse acontecido e tudo se fica a dever ao destino, ou aos desígnios dos deuses, ou à indomável força da Natureza, ou a outra coisa qualquer…?

 

O.C.