19.12.14
PAAC - prova de avaliação de capacidades e conhecimentos
ouremreal
O título é sugestivo! E refere-se a uma prova a que os professores com menos de cinco anos de serviço são sujeitos, obrigatoriamente, para poderem continuar a ter a possibilidade de vir, ou não, a ter emprego numa profissão para que foram, devidamente, habilitados pelo estabelecimento de ensino superior que frequentaram. E dizemos “devidamente habilitados”, porque, das duas, uma: ou as escolas superiores são competentes para certificar os cursos que lecionam e, assim sendo, terão que ser respeitados os diplomas que passam ou, não são competentes e os cursos são uma fraude e tem que ser o Ministério da Educação a fazer a triagem para decidir quem pode ou não pode ser professor. Acresce que, a verificar-se esta segunda hipótese, o M. da E. é conivente na fraude, porque autoriza que essas escolas funcionem.
Assistiu-se hoje a mais uma PACC! Umas centenas de professores foram fazer a prova, dando satisfação ao capricho duma equipa ministerial que não encontra melhor forma de dificultar a vida a muitos professores do que esta, de os obrigar a fazer uma prova escrita que não serve para mais nada do que isso mesmo – dificultar, desmotivar, na esperança de que desistam de lutar por um emprego e de exercer a profissão para que se habilitaram.
Contrariamente ao que o Ministério da Educação quer fazer crer, esta prova escrita não tende a melhorar a qualidade do ensino, pois ela não permite avaliar se o professor é ou não é competente para ensinar, não permite escolher entre os mais e os menos dotados para o desempenho da função docente, nem confere ao examinando qualquer formação que acrescente à que trouxe do curso superior que fez. Essa avaliação terá que ser feita, e só pode ser feita, ao longo de um curso, devidamente acompanhado por quem “saiba”, com um estágio que coloque os candidatos a professor em situação real, perante uma turma de alunos, ao longo de, pelo menos, um ano de trabalho. Não é uma hora ou duas para resolver um teste, qualquer que ele seja, que mostra quem tem ou deixa de ter capacidades e conhecimentos para ser professor.
Como se isso não bastasse, assiste-se a cenas tão caricatas como aquelas em que há docentes em exercício que vão “fazer exame” para saber se estão habilitados para exercer a profissão que, realmente, estão a exercer. E outros que, no dia seguinte aquele em que completam os 5 anos de exercício, passam a ter a competência e o conhecimento necessários que, na véspera, não lhe eram reconhecidos.
Para cúmulo, a lembrar tempos passados, foi mandada a PSP para a porta das escolas onde decorriam as provas de avaliação, numa clara tentativa de intimidar os professores e desencorajar eventuais manifestações de desagrado da sua parte. Não estaremos longe de voltar a ter a GNR a cavalo e a polícia de choque a carregar sobre quem ousar dizer não!
O.C.