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OuremReal

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22.05.14

Que eleições?


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Na campanha eleitoral para as eleições do próximo domingo, dia 25, tem-se falado de tudo menos do essencial – a Europa.

Dos pequenos aos grandes partidos, do governo à oposição, dos que têm e não têm representação parlamentar, todos se têm comportado como se de legislativas se tratasse; e mal! Que os mais pequenos e sem representação parlamentar assumam esse comportamento, talvez se consiga perceber, porque aproveitam a oportunidade para se dar a conhecer, para se mostrar e afirmar perante um eleitorado cada vez mais cansado, desinformado, descrente e confuso.

Torna-se mais difícil compreender o comportamento das forças políticas com representação parlamentar a quem, pelo menos em teoria, se exige muito mais. Da esquerda à direita.

A aliança PSD/PP entrou nesta campanha eleitoral com o objetivo de não discutir a Europa, porque a Europa lhe agrada tal como está; entrou preocupada em branquear a governação de Passos Coelho/ Paulo Portas e impedir que o PS possa ser o partido mais votado; para o conseguir adotou uma estratégia de ataque cerrado aos socialistas, ao seu anterior secretário-geral e ex-primeiro ministro José Sócrates, na esperança de que este reavivar de velhos fantasmas, como despesismo, bancarrota e troyka, produzam efeito num eleitorado que, por vezes, revela memória curta.

Os socialistas estão a transformar estas eleições na pré-campanha das legislativas e, numa demonstração de unidade interna que não seria espectável, elegeram o governo de Passos Coelho/Paulo Portas como alvo principal. Depois de terem sido considerados pelo candidato da direita Paulo Rangel como um “vírus”a erradicar, ripostaram, pela voz de Manuel Alegre, com a afirmação de que já Adolfo Hitler considerara os judeus como um “vírus” e o resultado foi o que se viu; terá sido, porventura, um dos pontos mais animados da campanha.

Comunistas e bloquistas não querem a EU, não querem o euro, criticam a aliança de direita e atacam o PS. Nisto, no ataque aos socialistas, continuam como sempre – estão em sintonia com a direita.

A poucas horas de terminar esta campanha eleitoral fica-se com a sensação de que:

- Em primeiro lugar, para estas forças políticas, a Europa não interessa; pelo menos não interessa o suficiente para que se fale dela, se discutam os verdadeiros problemas da União de uma maneira séria e esclarecedora;

- Em segundo lugar, parecem justificar-se duas perguntas:

1.ª - Com que convicção é que os eleitores vão votar no próximo domingo, dia 25?

2.ª - Que credibilidade merece tudo isto?

 

O.C.

18.05.14

Cristóvão Colombo, segundo Jean-Claude Juncker


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Jean-Claud Juncker, candidato do PPE (partido popular europeu) à presidência da Comissão Europeia, para substituir o companheiro Durão Barroso, anda por aí a dizer coisas na campanha eleitoral do PSD/ PP e, como é óbvio, dentro da estratégia da dupla Rangel e Melo, à falta de melhor argumento, apontou baterias aos socialistas, comparando estes ao nosso compatriota Cristóvão Colombo que, segundo o sr. Juncker, “ quando partia nunca sabia para onde ia, quando chegava nunca sabia onde estava e era o contribuinte que pagava a viagem.”

Comentando esta conversa bacoca:

- Primeiro, as críticas aos socialistas compreendem-se, porque se Portugal está na situação em que está isso deve-se, principalmente, aos sucessivos governos que não têm sido competentes na sua ação, alternando entre si, com socialistas umas vezes, com conservadores/liberais outras; só que, quando falta a honestidade para a auto-crítica, sobra a crítica aos outros o que, além de mais fácil, ajuda a manter os ânimos em cima, sempre na esperança de que os incautos e os de memória curta caiam na esparrela e continuem a alimentar esta especulação ideológica que vai empobrecendo a nossa vivência democrática. Portanto, culpar socialistas e desculpar liberais, conservadores, mais ou menos democratas, mais ou menos populares, não é atitude séria!

- Segundo, ao branquear a vergonhosa ação governativa do atual governo e ao enaltecer toda a obra que levou ao lastimável estado em que estamos, o sr. Juncker mostra que é farinha do mesmo saco de Coelho, Portas e C.ia, pelo que, a sua credibilidade é igual à daqueles dois, os seus interesses são idênticos, a sua (des)preocupação com as pessoas é a mesma, a sua conversa, além de completamente oca, é uma ofensa aos que sofrem as consequências das suas políticas; não merece ser ouvido!

- Em terceiro lugar, a abordagem histórica à ação de Cristóvão Colombo é uma desonestidade intelectual, porque se fosse ignorância, seria prudente estar calado. Como não ficou calado, saiu hipocrisia.

Ele sabe, ou devia saber, que Cristóvão Colombo, ao serviço dos reis de Espanha e não de Portugal, chegou à América em 1492, não por razões patrióticas, de modo nenhum, não porque alguém estivesse preocupado com o mal estar do Povo, nem com os sacrifícios que lhe eram exigidos, nem com as consequências das decisões que eram tomadas, mas por razões idênticas às que levam, nos dias de hoje, Passos Coelho e Paulo Portas, e as respectivas famílias políticas, a estarem ao serviço de interesses alheios ao Povo que dizem defender.

Exatamente isso: interesses alheios ao Povo!

Cristóvão Colombo, quando partia, não sabia para onde ia? Talvez! Pensava que chegaria à Índia e chegou à América! Estava enganado? Mas também não tinha maneira de saber que o estava! Foi aventureiro! Correu riscos! Inconscientemente!

Passos Coelho, Paulo Portas e C.ia, quando provocaram a vinda da troyca, não sabiam para onde iam? Claro que sabiam! Estavam enganados? Claro que não! Não sabiam as consequências de tudo o que iriam fazer aos portugueses? Claro que sabiam! Fizeram-no inconscientemente? Claro que não! Correram riscos? Claro que correram! Mas têm tido sorte, porque ainda não tiveram a resposta que talvez tivessem se estivéssemos no séc. XV!

Portanto, segundo o sr. Juncker, Cristóvão Colombo e os seus compatriotas socialistas, não sabem para onde vão e, quando chegam, nem sabem onde estão! São irresponsáveis!

Ao contrário, e isto o sr. Juncker não diz, os seus correligionários não só sabiam/sabem muito bem para onde vão, como sabem muito bem onde estão! Não são irresponsáveis!

Só que, para chegarem onde querem, são capazes de mentir e desvalorizar, despudoradamente, as consequências nefastas das medidas que tomam!

Para satisfazer interesses alheios, sacrificam os seus compatriotas! Qualquer coisa a rondar a traição!

Quanto ao preço da viagem e quem a tem que pagar...nem vale a pena falar!

Daí que, no meu ponto de vista, no que toca à comparação do sr. Juncker, das duas, uma:

Ou é ignorante, o que não é provável!

Ou faz-se, o que é mais do que provável!

Mas, para este papel, já temos atores a mais!

 

O.C.