22.11.13
A escadaria da Assembleia da República
ouremreal
A manifestação de ontem das forças de segurança, junto da Assembleia da República, teve um aspeto inusitado: os manifestantes tiveram o privilégio de poder subir até ao último degrau da escadaria, uma benesse que não tem sido concedida aos muitos milhares de manifestantes que por ali têm passado e que, certamente, continuará a ser negado aos que por ali vierem a passar. É certo que se tratava de uma manifestação de polícias; várias polícias; e a segurança estava ao cuidado de outros polícias. E quem, por ventura, chegou a pensar que iríamos ter uma nova edição de “secos e molhados”, com polícias contra polícias, naquelas cenas lamentáveis de há uns anos atrás, enganou-se!
E isto prova, pelo menos, duas coisas:
Uma, é que os polícias aprenderam que mais vale unidos que desunidos; o que pode ser bom, ou não!
Outra, que não deixa de ser preocupante, é que a atitude policial, quando em funções de zelar pela segurança, ou manutenção da ordem, ou o que lhe quisermos chamar, pode ser diferente em situações idênticas, mudando em função do sujeito das ações com que são confrontados.
Era suposto que a força policial que ontem garantia a segurança no acesso à escadaria da Assembleia da República assumisse a mesma postura que tem assumido e, certamente, vai continuar a assumir para com todos os outros manifestantes que por ali têm passado e continuarão a passar.
Só que não foi isso que aconteceu!
Daí, não ser nada estranho o facto do diretor nacional da polícia ter posto o seu lugar à disposição do ministro da tutela!
Nem seja estranho que se diga que o fez na sequência da pressão a que foi sujeito para o fazer!
Nem seja estranho que o dito ministro, o da administração interna, tenha aproveitado essa “disponibilidade” para o demitir!
Nem seja estranho que o mesmo sr. ministro já tenha mandado anunciar que irá fazer uma comunicação para esclarecer o assunto, ou, dito por outras palavras, contar a sua versão da história, para ver se consegue sair ileso do acidente!
Em conclusão:
Se a manifestação das forças policiais se tem ficado pelo fundo da escadaria, a política miserável deste governo continuaria a ser o que é, os polícias continuariam a ter as queixas que têm e o sr. diretor nacional da polícia continuaria a ser tão competente como era antes.
Como a manifestação subiu até ao último degrau, a política miserável continuará, agravada com mais este episódio, os polícias continuarão a ter as mesmas razões de queixa, com mais um problema de consciência, quando tiverem que controlar futuras manifestações, o sr diretor nacional da polícia deixou de ser competente e vai ser substituído.
Ficaremos sem saber quais teriam sido as consequências se os polícias só tivessem subido até meio da escadaria!
E fica a pergunta: Terá valido a pena, isto tudo, só para mudar o diretor nacional da polícia? A menos que seja ele o culpado dos descontentamentos dos polícias...o que não parece nada corresponder à verdade!
Moral da história:
Antes de subir uma escadaria, pense se vale a pena! O esforço pode não compensar!
O.C.