31.05.13
A Saúde que (não) temos!
ouremreal
Desconheço quem seja a sr.ª diretora executiva do Agrupamento de Centros de Saúde do Médio Tejo. Mas, a avaliar pela circular que assinou e fez entrar em vigor, referindo que “a fisioterapia convencionada só deve ser autorizada quando for comprovada a falta de capacidade de resposta nos hospitais do Serviço Nacional de Saúde com os quais a Unidade de Cuidados de Saúde Primários se articula”, deixa-me adivinhar duas coisas, pelo menos:
1.ª - É uma pessoa inteligentíssima, porque descobriu o óbvio – as convenções com os privados só têm justificação, quando os serviços públicos não têm capacidade de resposta; é para isso que servem, ou deviam servir. Já não parece tão inteligente, quando sabe que há concelhos, como o de Ourém, onde não há fisioterapia no serviço público de saúde e não é capaz de tratar as coisas da maneira diferenciada e adequada ao que as circunstâncias exigem.
2.ª - Não habita, de certeza, no concelho de Ourém! Se habitasse, não se atreveria a obrigar os seus vizinhos, talvez os familiares, ou ela própria, quando deixar de ter os privilégios que o cargo que ocupa lhe poderá conferir e passar a ser uma pessoa “normal”, a ter de fazer uma deslocação até Tomar, 40 kms de ida e volta, ou 50 kms para ir a Torres Novas e voltar, (no mínimo) só para saber se o hospital acha que o tratamento que o médico de família prescreveu é mesmo necessário e se tem vaga para o realizar; e, quando houver vaga, fazer uma deslocação dessas por cada dia de tratamento.
Tudo isto sem transportes públicos, claro!
A menos que haja transporte próprio e uma bolsa bem recheada para gasolina! Nestes casos até o Serviço Nacional de Saúde faz pouca falta!
E já não falo no problema clínico, claro, não percebo nada disso, mas haverá patologias do foro da fisioterapia que não se compadecem com esperas, nem com deslocações de centenas de quilómetros numa semana!
Que é preciso racionalizar os gastos dos dinheiros públicos na Saúde!?
Claro que é! Na saúde e no resto! Mas a saúde das pessoas não é bem como o resto! Não pode ser tratada como as frotas de automóveis e de assessores para os gabinetes de suas excelências; nem como as ppp’s; nem como os gastos astronómicos com deslocações e ajudas de custo constantes com que a classe política se entretem no dia a dia; nem com mordomias de uns quantos (muitos) privilegiados que por aí andam; nem com inutilidades e desperdícios de toda a espécie; nem como os bancos falidos; nem como muitas outras coisas em que se devia cortar e não corta!
A saúde das pessoas não pode ser reduzida a cifrões!!!
E a sr.ª diretora executiva do Agrupamento de Centros de Saúde do Médio Tejo, devia saber disso! E digo, devia, porque não tenho a certeza se sabe ou não! O que parece é que não sabe, ou não quer saber! Talvez a sua sensibilidade esteja mais afinada para a parte contabilística e nas parcelas da despesa da sua conta corrente, ter pessoas ou rolos de papel higiénico é a mesma coisa!
Se assim for, lamento que esteja a ser paga com dinheiro que também é meu, porque pago impostos, e lamento ainda mais, porque, estando a pagar, não a posso despedir!
O.C.