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OuremReal

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23.11.12

Manifestação não comunicada


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“organização de manifestação não comunicada” é no que pode dar uma conferência de imprensa dada nas imediações da Assembleia da República por uma ativista do movimento “que se lixe a troyca”, a anunciar a manifestação que iria ter lugar três dias depois. E, claro está, fica a contas com a justiça, é constituída arguida, e por aí adiante; aquelas coisas todas que podem acontecer num estado de direito (!?) …

Não sei quantas pessoas estariam na tal conferência de imprensa, mas se se começa a abusar da “elasticidade” de algumas leis, corremos o risco de alguém considerar que três pessoas juntas, num espaço público, a conversar, sejam consideradas uma manifestação. E, num abrir e fechar de olhos, passamos do oito ao oitenta, o que, aliás, é muito característico da nossa cultura…

E, com mais uns passinhos na busca da “perfeição”, e sempre a coberto da legalidade democrática (!?), ainda voltamos ao ridículo dos anos 60 do século passado, quando, em jeito de caricatura, e no contexto reinante do não reconhecimento do direito de reunião e de repressão a quem ousasse contrariar o estabelecido, se costumava por na boca da autoridade policial a expressão: “não quero aqui grupos agrupados, nem mais de três a andar parados”.

É ridículo! Mas também é preocupante!

 

O.C.

06.11.12

A golpada!


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O que é que Passos Coelho queria, exatamente, dizer, quando recusou o PEC IV apresentado pelo governo de Sócrates e afirmou, alto e bom som, que estava pronto a governar com o FMI?

Pois quis dizer, apenas, o que disse! Porque não sabia governar doutra maneira! É óbvio!

Mas em que estaria ele a pensar…???

Naturalmente naquilo que o seu partido e, toda a direita que ele lidera, pensam desde 1976: A Constituição da República! E a maneira de a alterar ou, no mínimo, a maneira de a contornar!

Ao provocar as eleições de Junho de 2011, Passos Coelho atingiu um primeiro objetivo que o seu partido vinha perseguindo desde o tempo de Sá Carneiro: Um governo, uma maioria na Assembleia e um Presidente da República - um enquadramento propício.

Só que isso, por muito que possa ajudar, não chega! Para atingir o segundo objetivo, alterar a Constituição, serão necessários 2/3 dos votos da Assembleia! E como não seria por esse lado que poderia atingir esse objetivo, a tarefa teria que passar por outra estratégia e nada melhor do que encontrar o parceiro ideal para a concretizar - o FMI e, por arrastamento, a Troyca que vai servindo de capa para justificar todas as tropelias que a governação vai acumulando, atropelando, quando e como quer, a própria Constituição.

E o que Passos Coelho quer demonstrar é que aquilo que o seu governo está a fazer não é por vontade sua; resulta da imposição da Troyca em resposta ao estado a que o governo anterior conduziu o país. E que as condições do país são tais que o Estado não tem condições para cumprir as funções que a Constituição impõe.

E é neste clima de tentativa de branqueamento de uma gritante incompetência governamental e de uma pretensa incapacidade do Estado para fazer o que deve, que Passos Coelho, o seu partido e toda a direita vão caminhando no sentido de levar a água ao seu moinho, ou seja, retirar ao Estado as suas funções essenciais, com o pretexto de reduzir despesas, entregando tudo o que pode ao setor privado.

O que não se fez pela alteração da Constituição vai-se fazendo à sombra da Troyca, tal como Passos Coelho idealizou quando forçou a queda do governo anterior.

Um golpe de artista que vai sair muito caro aos Portugueses!

 

O.C.