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OuremReal

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24.04.12

25 de abril! Sempre!


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O 25 de abril é já daqui a pouco!

 

Este não é o 25 de abril dos que o fizeram!

 

Este é o 25 de abril dos que nunca o quiseram!

 

 

Para celebrar o (meu) 25 de abril deixo três pedaços de poesia:

 

Da “trova do vento que passa”, de Manuel Alegre

 

Pergunto ao vento que passa

Notícias do meu país

E o vento cala a desgraça

O vento nada me diz

 

Mas há sempre uma candeia

Dentro da própria desgraça

Há sempre alguém que semeia

Canções ao vento que passa

 

Mesmo na noite mais triste

Em tempo de servidão

Há sempre alguém que resiste

Há sempre alguém que diz não

 

De “ Não hei-de morrer sem saber qual a cor da liberdade”, de Jorge de Sena

 

Qual a cor da liberdade?

É verde, verde e vermelha

 

Quase, quase cinquenta anos

Reinaram neste país,

E conta de tantos danos,

De tantos crimes e enganos,

Chegava até à raiz

 

Saem tanques para a rua,

Sai o povo logo atrás:

Estala enfim, altiva e nua,

Com força que não recua,

A verdade mais veraz

 

Qual a cor da liberdade?

É verde, verde e vermelha

 

De “Cântico negro”, de José Régio

 

Ah, que ninguém me dê piedosas intenções!

Ninguém me peça definições!

Ninguém me diga: vem por aqui!

A minha vida é um vendaval que se soltou.

É uma onda que se alevantou.

É um átomo a mais que se animou…

Não sei por onde vou,

Não sei para onde vou

- Sei que não vou por aí!

 

O.C.

23.04.12

Trânsito automóvel na cidade de Fátima


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Acabo de ler o documento que regula a circulação automóvel no interior da cidade de Fátima e que começa assim:

 

“Considerando:

 

A especificidade da Cidade de Fátima e em particular a necessidade de, em períodos de maior peregrinação, se poder vir a garantir quer à população residente o acesso às suas habitações, quer aos diferentes Operadores Económicos o seu necessário e contínuo funcionamento, apesar dos condicionalismos vários que, nessas circunstâncias, são geralmente impostos, sobretudo ao nível da circulação automóvel e no perímetro compreendido, na Cova da Iria, entre as Avenidas Beato Nuno e João XXIII “.

 

O normativo, intitulado “NORMAS GERAIS DE ATRIBUIÇÃO E UTILIZAÇÃO DO DÍSTICO DE AUTORIZAÇÃO CONDICIONADA DE CIRCULAÇÃO EM FÁTIMA NOS PERÍODOS DE MAIOR PEREGRINAÇÃO”, que poderá ser consultado no sítio da C.M.de Ourém, desenvolve-se ao longo de 14 artigos, divididos por 5 capítulos e tem como objetivo regular a autorização de circulação automóvel dentro do perímetro definido pelas avenidas Beato Nuno e João XXIII, entre as rotundas norte e sul, naquela cidade, em dias de maior movimento, afluência de peregrinos ou durante a realização de obras que impliquem condicionamentos do trânsito como, por exemplo, atualmente se verifica.

Três questões em jeito de comentário:

 

1 – Dois euros por cada dístico será um preço razoável, mesmo tendo em conta o destino da verba apurada?

Talvez sim para quem é morador e faz um uso intensivo, chamemos-lhe assim, da autorização. Talvez seja um exagero para quem vai fazer, por exemplo, uma vez, a entrega de determinada mercadoria, ou tratar de um assunto urgente e imprevisto.

 

2 – O local de aquisição do dístico é adequado?

Considerando que a aquisição é feita na sede da ACISO, na travessa 10 de Junho, em Ourém, parece que não dará muito jeito aos habitantes de Fátima terem de se deslocar a 12 Kms de distância para comprar um autocolante por 2 euros para poderem levar o automóvel para casa. Parece razoável que o assunto possa ser resolvido em Fátima. E não será difícil se houver vontade.

Então e os que não são de Fátima e tiverem mesmo de entrar na zona de restrição, por qualquer razão imprevista, ou necessária e urgente? Terão mesmo que descer ao vale, percorrer os tais 12 mais 12 kms para pagar os 2 euros para poderem ostentar o tal autocolante? Isto não parece razoável!

 

3 – A área de restrição não será exagerada?

Parece-nos, claramente, que sim!

Vejamos o seguinte: considerando que o recinto do santuário está, mais ou menos, no centro da área das restrições de trânsito, e que está orientado no sentido este-oeste, se medirmos a distância, em linha reta, entre a av. João XXIII e a av. Beato Nuno, a passar pelo santuário e naquela orientação, teremos, sensivelmente, 1250 metros; se medirmos, também em linha reta, a distância entre as rotundas norte e sul, teremos, aproximadamente, 1900 metros. Isto dá uma área enorme!

Mas mais importante, ainda, que a área é a funcionalidade de tudo isto, a implicação que tem na vida das pessoas que ali vivem ou que ali têm que se deslocar com as suas viaturas.

Como não acreditamos que a extensão da área tenha alguma coisa a ver com a verba a arrecadar com a venda dos autocolantes, parece-nos que não há necessidade deste exagero!

Balizar a zona de restrição a norte e sul com as duas respetivas rotundas, parece razoável dada a presente situação das obras em curso na av. D. José Alves Correia da Silva; A poente, com a João XXIII, com toda aquela zona dos parques de estacionamento, aceita-se; A nascente, em toda a extensão da Beato Nuno, é um exagero.

Com a conclusão das obras na av. Correia da Silva, tudo deverá ser revisto, porque não há razão para tamanha área!

Salvo melhor opinião, claro!

 

O.C.

23.04.12

A caçada real


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Tem nome de restaurante, mas é mais uma meia tasca, ali junto à fronteira com os vizinhos espanhóis e deu muito jeito, porque eram horas de lanche e o almoço não tinha sido muito famoso. Mas o mais interessante era a televisão que estava sintonizada num canal espanhol e que, por isso mesmo, nos poupava ao triste e irritante espetáculo com que somos bombardeados, diariamente, com Relvas, Portas, Coelhos, Gaspares e similares a venderem o respetivo peixe e a tratar-nos como se fôssemos todos uma cambada de ignorantes e não percebêssemos muito bem o que eles querem.

Contudo, ali ao lado, do outro lado do rio, “nuestros ermanos”, também têm uns problemazitos…

O facto de o meu castelhano não ser grande coisa tem a vantagem de, por um lado, não perceber muito do que dizem e, por outro, como não sei os nomes dos “artistas” deles, fico sem saber se falam de ministros ou do Paquito ali da esquina. O que é ótimo, porque, seja uma coisa ou outra, não “chateia”.

Mas…quando se trata de Juan Carlos, já não é bem assim. Até eu sei que é o rei! E os espanhóis não se calam, porque o rei deles resolveu ir fazer uma caçada, em África, no Botswana. E… azar dos azares... deu cabo duma perna!

Tanto quanto percebi, o rei não devia ter ido, porque não se admite que, estando o país a atravessar a crise que se sabe, o rei tenha extravagâncias destas. Dizem uns.

Outros dizem que, afinal, não seria só o problema da caçada, mas que haveria mais qualquer coisa. Diz-se que Juan Carlos tem sido melhor rei do que marido… Não faço ideia! Nem estou minimamente preocupado com isso!

Depois, ir caçar elefantes para o Botswana não é propriamente como ir caçar coelhos ali para o Alentejo…

Para cúmulo, a assistência, a operação, a recuperação de sua alteza vai custar uma pipa de massa que os espanhóis, em crise, vão ter de suportar!

E dou comigo a pensar:

Ora, por que carga de água é que eu, que desde 1143, pelo menos, não sou grande simpatizante da causa, estou aqui a perder tempo com espanholices?

Primeiro, porque acho interessante que alguém se preocupe com o que o rei faz ou deixa de fazer. É o que faz não ter um rei e, em vez disso, ter um presidente da república que não é caçador, nem vai ao Botswana, nem consta que seja mau marido, nem partiu uma perna (felizmente para ele)! Nem ganha para as despesas! Nem nada!

E fico convencido que o problema (?) só existe porque o rei teve o azar de partir a perna; não fora isso e ninguém abria bico; hipocrisia! Lá como cá! Digo eu!

Segundo, porque é espantoso que alguém se preocupe com insignificâncias, enquanto que nós, por cá, temos que nos preocupar com as Troy(i)cas! E não é pouco!

Terceiro, porque acho de muito mau gosto que alguém se divirta a matar elefantes! (Ainda se fossem moscas… que detesto e não consigo perceber para que servem!). Logo, também participo no coro de críticas à caçada real. Mesmo não tendo nada a ver com isso!

Em quarto lugar: é um alívio estar a assistir a um programa de televisão em que os problemas são dos outros e é uma sensação estranha que os factos se resumam a uma caçada real. Coisa esquisita!

 

O.C.