Acabo de ler o documento que regula a circulação automóvel no interior da cidade de Fátima e que começa assim:
“Considerando:
A especificidade da Cidade de Fátima e em particular a necessidade de, em períodos de maior peregrinação, se poder vir a garantir quer à população residente o acesso às suas habitações, quer aos diferentes Operadores Económicos o seu necessário e contínuo funcionamento, apesar dos condicionalismos vários que, nessas circunstâncias, são geralmente impostos, sobretudo ao nível da circulação automóvel e no perímetro compreendido, na Cova da Iria, entre as Avenidas Beato Nuno e João XXIII “.
O normativo, intitulado “NORMAS GERAIS DE ATRIBUIÇÃO E UTILIZAÇÃO DO DÍSTICO DE AUTORIZAÇÃO CONDICIONADA DE CIRCULAÇÃO EM FÁTIMA NOS PERÍODOS DE MAIOR PEREGRINAÇÃO”, que poderá ser consultado no sítio da C.M.de Ourém, desenvolve-se ao longo de 14 artigos, divididos por 5 capítulos e tem como objetivo regular a autorização de circulação automóvel dentro do perímetro definido pelas avenidas Beato Nuno e João XXIII, entre as rotundas norte e sul, naquela cidade, em dias de maior movimento, afluência de peregrinos ou durante a realização de obras que impliquem condicionamentos do trânsito como, por exemplo, atualmente se verifica.
Três questões em jeito de comentário:
1 – Dois euros por cada dístico será um preço razoável, mesmo tendo em conta o destino da verba apurada?
Talvez sim para quem é morador e faz um uso intensivo, chamemos-lhe assim, da autorização. Talvez seja um exagero para quem vai fazer, por exemplo, uma vez, a entrega de determinada mercadoria, ou tratar de um assunto urgente e imprevisto.
2 – O local de aquisição do dístico é adequado?
Considerando que a aquisição é feita na sede da ACISO, na travessa 10 de Junho, em Ourém, parece que não dará muito jeito aos habitantes de Fátima terem de se deslocar a 12 Kms de distância para comprar um autocolante por 2 euros para poderem levar o automóvel para casa. Parece razoável que o assunto possa ser resolvido em Fátima. E não será difícil se houver vontade.
Então e os que não são de Fátima e tiverem mesmo de entrar na zona de restrição, por qualquer razão imprevista, ou necessária e urgente? Terão mesmo que descer ao vale, percorrer os tais 12 mais 12 kms para pagar os 2 euros para poderem ostentar o tal autocolante? Isto não parece razoável!
3 – A área de restrição não será exagerada?
Parece-nos, claramente, que sim!
Vejamos o seguinte: considerando que o recinto do santuário está, mais ou menos, no centro da área das restrições de trânsito, e que está orientado no sentido este-oeste, se medirmos a distância, em linha reta, entre a av. João XXIII e a av. Beato Nuno, a passar pelo santuário e naquela orientação, teremos, sensivelmente, 1250 metros; se medirmos, também em linha reta, a distância entre as rotundas norte e sul, teremos, aproximadamente, 1900 metros. Isto dá uma área enorme!
Mas mais importante, ainda, que a área é a funcionalidade de tudo isto, a implicação que tem na vida das pessoas que ali vivem ou que ali têm que se deslocar com as suas viaturas.
Como não acreditamos que a extensão da área tenha alguma coisa a ver com a verba a arrecadar com a venda dos autocolantes, parece-nos que não há necessidade deste exagero!
Balizar a zona de restrição a norte e sul com as duas respetivas rotundas, parece razoável dada a presente situação das obras em curso na av. D. José Alves Correia da Silva; A poente, com a João XXIII, com toda aquela zona dos parques de estacionamento, aceita-se; A nascente, em toda a extensão da Beato Nuno, é um exagero.
Com a conclusão das obras na av. Correia da Silva, tudo deverá ser revisto, porque não há razão para tamanha área!
Salvo melhor opinião, claro!
O.C.