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OuremReal

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28.12.10

O dicionário


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Uma das notícias do dia deu-nos conta que o sr. Elton John, músico britânico, e o sr. David Furnish, cineasta canadiano, tiveram um filho.

Dizia-se que o “casal”, casado há uns anos, alugou uma barriga, algures…

Desconhece-se o nome da dona da tal barriga, mas isso também não tem importância nenhuma!

Tão pouco importa saber como foi concebida a tal criança!

Nem parece importante que tenha um pai ou dois.

Não haverá, certamente, problema nenhum com esta operação, mas, se houver, não será meu, (e ainda bem!), e eles encontrarão maneira de o resolver.

Por aí estou descansado!

A minha “preocupação” é outra:

Ou aqueles dois senhores não são um casal e, então, foi um lapso de quem deu a notícia, ou, se o são, tenho de mudar de dicionário.

É que o meu velho dicionário, diz que casal é:

"Conjunto de macho e fêmea; marido e mulher…"

Logo, há qualquer coisa que está mal!

Deve ser o dicionário!

 

O.C.

23.12.10

Os milhões da dívida municipal


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A minha 4.ª classe habilitou-me, com alguma segurança, a fazer contas de somar e subtrair.

Mas é evidente que não me capacitou para perceber a engenharia contabilística que faz com que o Presidente da Câmara de Ourém afirme, em comunicado de 14 deste mês, que herdou do executivo laranja uma dívida de 55 milhões de euros, (e que pode ir aos 60 milhões), enquanto os vereadores do PSD, agora na oposição, aparecem com uma declaração política, na imprensa local, a contrapor que essa dívida será bem mais baixa.

Há dois aspetos em que parecem estar de acordo:

Em 31.10.2009 a contabilidade municipal apresentava um passivo financeiro de 37 318 597, 95 M€;

Os compromissos assumidos para execução posterior, portanto fora daquele montante, apresentavam um total de 13 365 996,11 M€;

O que totalizaria qualquer coisa como 50 684 594,06 M€.

E, a partir daqui, é a discórdia total; a saber:

- O Presidente da Câmara, aos 50 e tal milhões, acrescenta uma quantia de 4 milhões de uma indemnização, que não chegou a acontecer, porque o atual executivo conseguiu resolver, sem encargos, essa questão que estava pendente no Tribunal;

- E estima que os pedidos de indemnização, cujos processos ainda estão em Tribunal, possam vir a agravar o total da dívida até aos 60 milhões. Os vereadores do PSD fazem outras contas:

- Ao passivo de 37 318 597,95 M€ retiram 5 622 524,00 M€ que a Câmara Municipal deveria receber de terceiros e mais 1 748 041,00 M€ de saldo de caixa e depósitos à ordem.

- A ser assim, o tal passivo diminuiria para 29 948 032,05 M€.

- Os compromissos assumidos para execução futura, não são os ditos 13 365 996,11 M€, mas sim 9 365 996,11 M€, porque, segundo dizem, àquela quantia devem ser retirados 4 M€ de receitas inerentes a esses encargos.

Ora, se a 29 948 032,05 juntarmos 9 365 996,11 teremos a dívida de 39 314 028,16 M€, segundo os vereadores do PSD;

A contrapor à dívida apontada pelo Presidente da Câmara de cerca de 55 M€.

Nestas duas exposições/posições, constatamos que:

Por um lado, o Presidente da Câmara não referiu os 7 370 565,00 M€ de dinheiro em caixa, depósitos à ordem e de verba a receber de terceiros, nem os 4 M€ de receitas inerentes aos compromissos assumidos para execução futura; porquê?

E este meu porquê resulta da ignorância de quem não sabe o suficiente para perceber se se chegou ao passivo de 37 318 597,95 M€ contando, ou não, com aqueles 11 M e tal do lado da receita.

Por sua vez, os vereadores do PSD ignoraram os eventuais encargos com os pedidos de indemnização em curso no Tribunal, não concretizaram/identificaram as receitas de 4 M€ que dizem estar previstas para os ditos compromissos futuros, nem clarificaram como jogaram com a verba dos 11 370 565,00 M€.

Se o raciocínio que seguimos estiver certo e se as contas que fizemos não estiverem erradas, teremos duas dívidas que, em números redondos, darão 55 milhões de um lado e 39 milhões do outro.

Mas só um destes números poderá estar certo!

Qual deles?

Era bom que se esclarecesse! Eu, pelo menos, gostava de saber quem fala verdade!

 

O.C.

16.12.10

Os voos da c.i.a.


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Os voos da c.i.a. sobre território nacional são uma clara ofensa à nossa ordem constitucional!

É inadmissível que o espaço aéreo nacional tenha sido utilizado para o transporte de prisioneiros de Guantânamo!

Os documentos divulgados pela Wikiliks (não sei se é assim que se escreve) demonstram que o ministro mentiu, o primeiro-ministro também mentiu, o governo mentiu, e por aí adiante.

Esta conversa fiada é assunto de tudo quanto é telejornal, noticiário, jornal diário, semanário, responsável/irresponsável político, etc. e tal.

Como se o problema fosse a rota dos aviões, o sítio por onde passaram, o nível ou o corredor aéreo que utilizaram, se o ministro disse sim, não, ou talvez, ou se nada disse.

O problema é haver prisioneiros!

O problema é saber se o devem ser ou não!

O problema é saber que factos estão na origem de tudo isto!

O problema é saber como estão a ser tratados esses prisioneiros!

E estes problemas existem com aviões a sobrevoar Portugal ou a passar a meio metro da fronteira.

Ouvindo os nossos “papagaios” a falar, e tantas inteligências a escrevinhar, parece que se os tais voos tivessem passado fora do nosso espaço aéreo não existia problema nenhum. Logo não se falaria nele.

E se os ditos “papagaios” e “escribas” fossem governo, então não haveria conversas secretas com ninguém, tudo seria divulgado e badalado, e os “states” que se livrassem de usar o nosso espaço aéreo com prisioneiros para Guantânamo, ou para onde quer que fosse.

Porque os serviços de alerta e defesa aérea seriam ativados, uma esquadrilha de F-16 iria para o ar, os aviões americanos eram intercetados e, das duas uma:

Ou aterravam onde os intercetores ordenassem, ou seriam abatidos.

Se aterrassem, então os aviões seriam revistados e das duas uma, (outra vez).

Se houvesse prisioneiros, certamente seriam libertados, a tripulação feita prisioneira e o avião confiscado;

Se não houvesse prisioneiros, e porque nada pode sobrevoar Portugal sem autorização, a tripulação seria feita prisioneira e o avião confiscado; Naturalmente!

No caso de terem de ser abatidos tudo era mais fácil: esperava-se que sobrevoassem um sítio onde os destroços não causassem prejuízo, e pronto. Fácil!

Porque teríamos um governo competente, corajoso, transparente e por aí adiante…

Mas, como o nosso espaço aéreo é tão exíguo, poderia dar-se o caso dos tais aviões, com ou sem prisioneiros, saírem sem os F-16 terem tido tempo para cumprir a missão e, se assim fosse, tanto neste caso, como na hipótese dos “states” terem a ousadia de levantar a voz contra a atitude de Portugal ao aprisionar tripulações e aviões, então tudo se simplificaria:

As nossas forças de terra, mar e ar, ( a que se poderia juntar a ala dos inúteis que por aí anda) invadiam os “states”, silenciavam Bushs, Obhamas, ou quem quer que fosse!

E teriam muita sorte se não lhes acontecesse como aconteceu ao Iraque e a Saddam.

Porque ninguém brinca com “papagaios” e “escribas”!

Competentes, corajosos, transparentes e por aí adiante !

 

O.C.

15.12.10

Ando a ouvir mal!


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Devo ter ouvido mal!

O governo anunciou a intenção de legislar no sentido de permitir que as empresas criem um fundo que permita suportar parte das indemnizações a pagar aos trabalhadores em caso de despedimento. Até aqui, nada a opor!

Só que, e aqui é que eu devo ter ouvido mal, esse fundo será constituído com descontos a fazer nos salários desses mesmos trabalhadores.

A ser assim, é óbvio que são os trabalhadores a pagar o seu despedimento.

A esta imaginação terá que se dar um nome.

E tenho dificuldade em encontrar o adjetico apropriado sem ofender quem quer que seja, mas que anda muita ordinarice no ar, anda.

Resta-me a esperança de ter ouvido mal!

 

O.C.

14.12.10

Debate


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Acabo de assistir ao primeiro debate entre candidatos à eleição para Presidente da República.

De um lado, o candidato do partido comunista. Do outro, um candidato, dito independente, sem apoio de qualquer partido político.

Diferenças bem claras no discurso, nas motivações, convicções, nas intenções e na (hipotética) ação futura. Inequivocamente!

Para quem, como eu, entende que os partidos políticos são importantes (mas não imprescindíveis) para o funcionamento da democracia, o facto de ter ou não ter partido político a apoiar, nestas eleições, é quase irrelevante. E só não é irrelevante porque todos sabemos do que são capazes as estruturas partidárias.

Mas, pelo que ouvi, receio que aqueles que acham que os partidos políticos são a fonte de todos os males, tenham encontrado neste debate, mais uma razão para reforçar as suas convicções.

É que, na minha opinião, o candidato "desaparelhado", leia-se, sem aparelho partidário a ditar a sua conduta, mostrou uma postura muito mais apelativa e transmitiu uma confiança que não vimos no seu opositor.

 

O.C.

05.12.10

Mitos


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Não! Não comungo da ideia de que o acidente que vitimou Sá Carneiro “teve que ser”, forçosamente, resultado de um atentado.

Pela mesmíssima razão por que não sou capaz de excluir, peremptoriamente, que o não tenha sido.

Só porque não sei!

Como, aliás, parece que ninguém sabe! Ou, se sabe, não o diz!

O que sei é que, ciclicamente, o 4 de Dezembro de cada ano se está a transformar num dia de evocação, quase adoração, de um homem que, enquanto viveu, mereceu muito menos elogios dos seus admiradores, seguidores, adoradores, do que agora se pode constatar.

É quase sempre assim! Depois da morte, os maiores defeitos tendem a diluir-se…

Sá Carneiro foi um político, ambicioso, teimoso, calculista.

Há quem o considere corajoso.

Acho que o terá sido, sim, mas dentro de um calculismo, “bem calculado”, bem medido, moderadamente, ponderadamente, numa versão “marcelista” que a militância na Assembleia Nacional lhe foi proporcionando e permitindo.

Depois do 25 de Abril de 1974, fez o que muitos outros fizeram:

Seguiu os seus instintos, interesses, convicções e tentou tirar o melhor proveito das circunstâncias e dos momentos conturbados que se seguiram.

Quem viveu esses tempos recordará como era polémico mesmo dentro do seu partido!

Uns tiveram sucesso, outros não! E muitos sucessos, depressa deixaram de o ser! E até se transformaram em desgraça!

Podemos especular, até ao infinito, sobre o que Sá Carneiro poderia ter sido, (ou não) se o cessna não tivesse caído naquele dia fatídico!

Mas só isso!

O que vai para além disso nada tem a ver com a realidade e tende a caminhar para a mitologia pura.

E passaremos a ter um Sá Carneiro que não foi, mas que poderia ter sido!

O desejado!

O salvador!

O mito!

E é este mito que está a ser criado, alimentado, explorado, paulatinamente, ano após ano, principalmente pelo partido a que pertenceu, e que precisa, como de pão para a boca, de causas agregadoras, unificadoras, mobilizadoras, que possam colmatar muitas outras insuficiências que as realidades de cada dia bem evidenciam.

De tudo isto resulta que, também eu, lamente que os sucessivos inquéritos, investigações, relatórios, ou o que lhe queiram chamar, feitos ao acidente de Camarate, não tenham podido acabar com todas as dúvidas e, de uma vez por todas, se feche este assunto.

Mas fica a sensação de que as conclusões até agora produzidas não surtiram efeito, porque os defensores da versão do atentado não se darão por convencidos, e muito menos por vencidos, enquanto não aparecer uma conclusão que satisfaça a sua vontade.

E, quando isso acontecer, se acontecer, outro capítulo se abrirá por, pelo menos, mais trinta anos:

Quem foi o criminoso?

E, entretanto, o mito continuará a alimentar-se com a especulação, o desconhecimento, a necessidade de causas agregadoras…

E as manhãs de nevoeiro sempre nos recordarão D. Sebastião!

E a crise de 1383-85, e as batalhas pela independência nacional, que se lhe seguiram, serão inseparáveis do guerreiro/guerrilheiro que Nuno Álvares Pereira foi!

E o convento do Carmo terá sempre associada a imagem do guerreiro que virou santo!

E mais de 600 anos depois…

Até podem acontecer milagres!

 

O.C.