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OuremReal

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22.07.10

Azar? Ou talvez não?


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A quinta-feira em Ourém já não é o que era dantes!

A quase "festa" que durava o dia inteiro e era suficiente para fazer com que as aldeias à volta se despovoassem, vestissem o fato de domingo e rumassem até à vila, para comprar, vender, encontrar, namorar, beber uns copos, enfim, aquelas coisas todas que já se fazem de outra maneira, já dura só meio dia, mas ainda faz mexer a cidade.

De facto, a pasmaceira semanal desta terra só é quebrada com o corre corre das quintas-feiras e os restaurantes duplicam ou triplicam os almoços, os cafés duplicam ou triplicam as vendas, enfim, tudo se acelera, e este aumento de ritmo só pode ser bem acolhido e aproveitado por um comércio local que passa por dificuldades suficientes para não desperdiçar oportunidades.

Só que restaurante sem água na torneira não funciona! Ou funciona mal! Café sem água na torneira não funciona mesmo!

Residência particular sem água para fazer o almoço não é mau só à quinta-feira! É péssimo em qualquer dia!

Mas como os canos não escolhem dia nem hora para rebentar...

E, porque os azares acontecem sem aviso prévio, parece que só resta ter paciência!

A menos que a tal falta de água resulte da incúria de alguém que não cuida de planear devidamente o que se faz e não calcule os prejuizos que podem resultar de decisões tomadas em cima do joelho.

Pois é! Hoje foi uma dessas quintas-feiras, com um movimento próprio das quintas-feiras de verão, mas sem água nas torneiras do meio dia em diante.

Não sei o porquê!

Não sei se o cano rebentou sozinho,(azar!);

Ou se alguém manuseou mal uma qualquer máquina ou ferramenta (talvez azar, talvez incúria)!

Ou se alguém resolveu guardar o corte da água, certamente necessário, para a hora do almoço (nem azar, nem incúria, mas outra coisa que não adianta adjetivar)!

E, neste caso, só interessaria saber a quem atribuir a paternidade da decisão. Porque, mesmo que isso não adiante nada ao problema que "já foi", serviria, pelo menos, para saber das capacidades de algumas pessoas para tomar decisões, e doutras pessoas para supervisionarem o que lhes compete, mesmo que tenham que tirar o rabinho do ar condicionado.

E evitar repetições, claro!

Porque não é agradável ouvir que a responsabilidade é do A, porque é incompetente!

Que é do B, porque não cuida dos interesses dos munícipes!

Que é do C, porque não merece ocupar o lugar!

Que é do D, porque não sei quê!

Mas, nesta hora de almoço sem água, há uma curiosidade:

Um funcionário da Veolia, empresa das águas cá da terra, foi a um restaurante da cidade entregar garrafões de água. Uns dez!

O responsável pelo restaurante terá reclamado, junto daquela empresa, pela falta da água...

Não sabemos se a referida empresa tem a ver, ou não, com o corte da água. Mas regista-se a atitude. Simpática, de facto! Mesmo que ineficaz, porque, na verdade, a água estava a fazer falta era na torneira...

 

 

O.C.

 

 

 

20.07.10

A revisão constitucional


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O líder do PSD tem, pelo menos, uma virtude: diz, claramente, o que quer.

Quer ser governo, logo que tenha condições para isso. Não quando o país precise, eventualmente, desse governo, mas quando houver condições para ele, Passos Coelho, poder implementar a sua política. Mesmo que essa não seja aquela de que o país precise.

E diz, claramente, que ainda não estão reunidas essas condições.

Por isso propõe uma revisão constitucional que altera/alteraria perto de dois terços dos artigos da lei fundamental do país.

Com isto apenas confirma que não tem capacidade para governar no atual contexto, com as leis que temos, com as dificuldades que teria de enfrentar. O que lhe retira, claramente, a ele e ao seu partido, credibilidade para criticar o atual primeiro-ministro.

Não nos surpreenderia nada que, numa próxima campanha eleitoral, lançasse o mesmo repto aos eleitores que fez o seu companheiro de partido, Cavaco Silva: ou me dão maioria absoluta ou não aceito governar! Democraticamente!

Só que, assim numa leitura muito superficial das suas propostas, as dificuldades da governação ficariam muito atenuadas, em flagrante contraste com as dificuldades dos portugueses, que ficariam muito aumentadas, se a sua proposta de revisão fosse aceite.

Aliás, Passos Coelho apenas vem confirmar aquilo que toda a gente sabe: a democracia é dos sistemas mais difíceis de gerir uma sociedade. E a capacidade para ser governante, em democracia, não se compra, não se herda, não se inventa; ou se tem ou não se tem, mesmo que se vá modificando, aperfeiçoando, adaptando, numa palavra. Ele sabe, e disso dá conta, que não tem esse dom. Logo, precisa que as leis o ajudem a disfarçar esse déficit.

Apenas se espera que os portugueses estejam atentos e não embarquem em conversas mansas que devagar, devagarinho, vão fazendo o seu percurso, rumo a uma situação que cada vez mais se aproxima, perigosamente, do antes de 1974. E isto não significa que tudo, no pós-74, esteja certo. Longe disso! Mas a Constituição de 1976 já foi alterada sete vezes sem nunca ter sido plenamente cumprida! E os problemas que estiveram na justificação de cada revisão não só não foram sanados como, parece, cada vez estão mais aumentados. O que nos deixa perante esta perplexidade: afinal os problemas que nos afetam têm origem nos ditos "bloqueios" constitucionais, ou resultam de muitas e diversas incompetências e muitos e diversos comportamentos menos próprios de quem diz querer viver em democracia?

E aqui está o ponto fulcral do problema: queremos ou não viver em democracia?

Será que todos estamos cientes dos custos de viver em democracia, do que isso significa?

Será que todos estamos dispostos aos "sacrifícios" que isso exige? Sinceramente, acho que não!

Constata-se, cada vez mais, que o conceito de democracia que vai alastrando é mais para reivindicar tudo e mais alguma coisa, barafustar por tudo e por nada, sem a preocupação de saber se há ou não há disponibilidade para dar, sem a preocupação de saber onde se vai buscar o que, depois, se vai distribuir.

E aqui entra outro problema. Muito sério, aliás! Qual o papel que o Estado deve desempenhar na sociedade em que vivemos? E o que é, afinal, o Estado?

Parece que estar a pedir revisões constitucionais sem que estes problemas sejam devidamente debatidos, social e abertamente debatidos, e não apenas no circuito fechado da Assembleia da República, para que todos fiquem esclarecidos, não passa de um subterfúgio para fugir à realidade e ao confronto democrático com a sociedade que acabará, sempre, ela própria, por pagar toda a fatura, seja ela qual for.

A direita portuguesa, de que Passos Coelho parece ser o rosto mais visível, já deu o mote. Sem entrar em pormenores, já disse muito do que quer para Portugal.

Têm a palavra os que não se revêem na sua doutrina. Espera-se que não andem a dormir. E que tenham os pés bem assentes na terra para que não entrem nos delírios do costume e falem e atuem como se vivêssemos num qualquer outro país que não o nosso.

Ser honesto poderá não ser politicamente conveniente...

Mas exige-se que assim seja!É preciso falar claro! E dizer a verdade, mesmo que não dê para ganhar eleições!

Não precisamos de mais exemplos para confirmar que há erros que se pagam caros !!! Muito caros !!!

 

O.C.

 

 

 

07.07.10

"Massacre"


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Tenho vindo a seguir a transmissão das primeiras etapas da volta à França em bicicleta. Para surpresa minha, constato que alguns percursos são férteis em estradas estreitas e sinuosas com muitos troços em piso de paralelos o que, na prática, vai dar no que todos somos capazes de prever: muitas dificuldades para os ciclistas e quedas de arripiar. Não tem havido etapa em que não haja quedas, mais ou menos aparatosas e à molhada, pois o piso apresenta-se, frequentemente, escorregadio, devido às condições climatéricas.

O mais surpreendente é ver que as equipas não hesitam em envolver os seus atletas nesta espécie de massacre e os próprios atletas se vão sujeitando a tudo isto. Apesar de terem esboçado uma espécie de greve ao sprint num final de etapa, chegando em pelotão e nas calmas, lá vão andando, aproveitando-se uns das quedas dos outros, para poder chegar na frente e contrariar todos os prognósticos.

Sou levado a concluir que se trata, afinal, de um risco devidamente previsto,aceite e calculado, funcionando ele mesmo como mais um fator de seleção, com o qual cada um vai contando, se tiver a sorte de não estar na molhada, para poder bater adversários que, de outro modo, talvez não conseguisse bater.

O que, a ser assim, não deixaria de ser um bocado macabro!

 

O.C.

 

 

06.07.10

Contrastes


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O futebol continua (e continuará!?) a desencadear as mais diversas manifestações, tal a paixão que se apodera de muitos dos seus "consumidores". Quando se entra no exagero, o discernimento esbate-se, perde-se a noção de equilíbrio que deverá presidir às decisões, manifestações, desabafos, opiniões e depois... é o que se vê.

O mundial da África do Sul é, apenas, mais uma prova de tudo isto.

Portugal chegou aos oitavos de final. Foi mau, foi bom, ou aceitável? Creio que foi tudo isto, não sendo, portanto, nem bom, nem mau, nem assim, assim. Já que o que para uns pode ser bom, poderá ser o contrário para outros tantos.

Vejo e leio na comunicação social que a eliminada seleção da Argentina foi carinhosamente recebida no regresso a casa; o mesmo aconteceu com a seleção do Gana; e o nosso conhecido benfiquista Cardoso, que, ao falhar uma grande penalidade que poderá ter sido fatal para a eliminação da seleção do seu país, foi alvo de uma recepção que, certamente, não teria tido se tivesse o azar de ser jogador da seleção portuguesa.

A nossa seleção foi recebida por um grupo insignificante de pessoas que, na sua maioria, insultaram tudo e todos. A comunicação social tem vindo, quase exaustivamente, a bater no treinador, no jogador A, no B, no que disse o C e no que não disse o D.

Curiosamente, nada disse quanto ao golo irregular que nos eliminou frente aos espanhóis... 

Gostava de perceber o porquê de tudo isto!

Então, estar entre os 16 melhores do mundo, futebolisticamente falando, claro, é assim tão mau?

Tínhamos que ser os primeiros? Porquê?

Eu também gostava!

Podemos contestar as escolhas do treinador, as atitudes de alguns jogadores, o desempenho de uns ou de outros. Mas, se fosse de outra maneira, seria melhor? ou poderia, ainda, ser pior?

E se nós não fôssemos uma insignificância de país, as instâncias futebolísticas internacionais teriam outra consideração pela nossa seleção?

O sr. "não sei quantos" que pediu desculpa aos ingleses e aos paraguaios pelos erros de arbitragem, não pediu desculpa a Portugal, porquê?

E as arbitragens reagiriam da mesma forma, quando mostram cartões amarelos ou vermelhos?

Duvido!

As únicas conclusões a que consigo chegar, uma vez mais, no domínio interno, é a confirmação de que a paixão afeta a razão. E que somos formidáveis a criticar, a destruir quase sempre, somos uns sabichões em tudo o que os outros fazem, mas, enquanto sujeitos da ação, somos tão falíveis como qualquer outro. No domínio externo, somos tratados apenas por aquilo que somos em tamanho e força - pequenos e insignificantes.

Talvez isto tudo se consiga alterar, se, internamente, conseguirmos ser melhores, de modo a que nos vejam merecedores de mais respeito! 

 

O.C.