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OuremReal

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30.06.10

Novelas


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Pronto! Acabou-se a novela do “mundial”! Embora ainda faltem alguns episódios, já são mais para quem aprecia futebol e menos para os “doentes” da bola que acham que a seleção nacional, a nossa, tem que ser sempre a melhor e tem sempre que ganhar, mesmo que não tenha qualidade para se bater contra outras que são, claramente, superiores.

Perdemos com a Espanha! Pois!

Perder já é mau! Sempre mau! Perder com a Espanha é pior do que isso, é péssimo!

Mas “patriotismos” à parte, pareceu-me que jogaram mais que nós. Não digo que jogaram melhor, embora admita isso, mas fiquei com a sensação de que jogaram mais e porque tiveram a sorte de marcar um golo irregular que o árbitro validou… não admira nada que tenham ganho um ânimo ainda mais reforçado, mais tranquilidade, mais à vontade e tivessem sido capazes de assim se manter até ao fim.

A nossa equipa desiludiu!?

Acho que sim, para quem se deixa iludir por todo o “enredo” que sempre se cria à volta da seleção!

Acho que não, para quem é capaz de perceber que somos o que somos e não mais que isso. Embora devêssemos “discutir” mais o preço da derrota. Quero eu dizer que tínhamos obrigação de lutar mais e melhor, porque estivemos longe de esgotar todos os nossos argumentos. Mesmo que acabássemos por perder…

Agora segue-se o rescaldo do costume:

Culpas para o A, para o B, para o C, mais para o X e para o Y, toda a gente a saber por que é que se perdeu, toda a gente a saber que não devia ter saído fulano, que não devia ter jogado beltrano, e as declarações deste e daquele que atingiram o outro mais aqueloutro, meninos ricos que também têm direito a ter birras, enfim, aquelas coisas que servem para vender papel e entreter o pessoal, mesmo que não sirvam para grande coisa.

Mas, lá porque acaba uma novela, não deixamos de ter folhetins…

Continua a série “e tudo a crise levou” com os protagonistas do costume, em cena na Assembleia da República, com o governo de Sócrates de um lado e o resto do outro, até ao dia em que o primeiro-ministro se convença que o melhor que podia fazer era arrumar as malas e ir embora, ou então, que os que o atacam saiam da comodidade fácil de criticar e passem à acção, com a coragem de pôr em prática as suas teorias.

Para mostrarem o que valem!

Porque isto já começa a cheirar mal!

 

O.C.

23.06.10

SCUT's


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Não posso acreditar naquilo que acabo de ouvir num telejornal.

As chamadas SCUT vão ter portagens. Todas elas!

Que elas custam seiscentos e tantos milhões por ano, a todos nós, toda a gente sabe. E sabe-se desde que elas foram feitas.

O motivo por que foram feitas, também toda a gente sabe.

E que passem a ser pagas, logo que estejam cumpridos os pressupostos para a sua existência, é compreensível!

Agora que passem a ser pagas, todas, porque o Governo tem de ceder ao PSD em troca deste não inviabilizar uma lei qualquer sobre chips nas matrículas dos automóveis, que permita que se paguem portagens em três das sete auto-estradas em causa, não dá para acreditar.

Das duas, uma:

- Ou a história está mal contada ( e os telejornais estão longe de ser credíveis)

- Ou eu ouvi mal e entendi pior.

Porque, se nada disto aconteceu, a hipocrisia ultrapassou todos os limites...

 

O.C.

 

10.06.10

10 de Junho


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10 de Junho. Dia de Portugal, de Camões, das Comunidades, da Raça, do que quisermos. Um dia que, simbolicamente, pelo menos, devia ser de união entre os Portugueses, um dia em que fôssemos capazes de suspender o clima de crispação, conflitualidade e agressividade que vai caraterizando o nosso quotidiano.

Como apelou o Presidente da República durante as cerimónias desta manhã!

Mas, de facto, não é isso que acontece, como, uma vez mais, hoje se constatou durante as cerimónias que tiveram lugar na cidade de Faro, em que, de uma forma organizada, pensada, provocatória, há sempre um grupo de uma dezena de ativistas (?), não mais, como acontece onde quer que o Primeiro-Ministro se desloque, disponíveis para umas assobiadelas. Por acaso os que o aplaudiram foram muitos mais, só que não tiveram o mesmo realce dos que o assobiaram, nem foram suficientes para que a repórter de um canal de televisão que estava ali mesmo ao lado se tivesse referido, em direto, às assobiadelas e tivesse omitido os aplausos.

Quanto às cerimónias propriamente ditas o meu destaque para o desfile das forças em parada. Homens, mulheres e máquinas dos três ramos das forças armadas, mais as forças militarizadas e os organismos da formação e, pela primeira vez, uma representação de antigos combatentes. Para além dos discursos e das condecorações.

Um breve comentário, o meu comentário, a tudo isto:

Começando pelo fim, não percebi o motivo de algumas condecorações. Teria sido bom que tudo tivesse sido explicado para que não se ficasse com a dúvida de que, em muitos casos, se estava, pura e simplesmente, a condecorar algum tipo de “clientela”.

Sobre os discursos, nada de importante, alguma tentativa pedagógica de circunstância, o apelo ao patriotismo e à união que não são descabidos, o realce do Algarve e do Mar, de acordo com o contexto, o reconhecimento justo dos serviços prestados pelas forças armadas.

Quanto à presença dos antigos combatentes, independentemente de todos os possíveis aproveitamentos, desentendimentos, oportunismos ou o que quer que possa estar subjacente a este assunto, um País qualquer, neste caso Portugal, nunca será um País digno de respeito se não for capaz de respeitar e honrar, sempre, os que deram, ou se dispuseram a dar as suas vidas pela sua Pátria, por mais controversas que as causas de cada momento possam ter sido. O meu aplauso pela presença de antigos combatentes, independentemente de questionar se lá deveriam ter estado estes ou outros.

Sobre as forças em parada e o desfile que se seguiu, destaco:

1 - O toque dos mortos em combate continua a ser difícil de suportar…

2 - Aprecio o aprumo, a capacidade e o vigor dos intervenientes. Não consigo explicar bem como concilio um anti-militarismo básico com este sentimento de admiração por fileiras bem alinhadas, o passo certo, os movimentos sincronizados, todo o aparato das várias máquinas, das novas tecnologias e a destreza dos que as manobram, dos tanques, dos helicópteros, dos aviões, de tudo isso…

3- Apesar de tudo, as nossas forças armadas ainda apresentam alguns sinais de modernidade, o que acho positivo.

Como sou pela existência de forças armadas, tão eficazes e modernas quanto possível, e não partilho da corrente de opinião que acha que as não devemos ter, porque são um desperdício, apraz-me constatar os inúmeros cursos de formação que disponibilizam aos voluntários que as procuram, o que isso significa para a vida futura de muitos jovens e como contribuem para que possamos ter um País mais capaz.

E não sejamos ingénuos – não é por ter forças armadas que temos de fazer guerras…

E se essas forças puderem estar (também) ao serviço de todos, em acções de carácter social, tanto melhor!

 

O.C.

10.06.10

As fases da lua


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O reino da Nova Lusitânia é um velho reino com quase nove séculos de existência, à beira mar plantado, algures no sudoeste da Europa, com uma história rica de acontecimentos que já conheceu dias de glória, mas que atravessa uma tremenda crise gerada por capitalistas gananciosos que dominam a economia e políticos inexperientes, incapazes de impedir que eles dominem quase todo o resto.

 A sociedade da Nova Lusitânia é uma sociedade do tipo tribal, com tribos organizadas segundo crenças, ideologias e conveniências, que se regula por leis que são, na sua maioria, ditadas por uma assembleia magna onde os representantes tribais se vão, diariamente, confrontando, afrontando, insultando, negociando, representando, em sessões mais ou menos divertidas, mas que custam, às finanças do reino, muito mais do que valem.

Cada tribo tem o seu líder e vários colaboradores activos, uns mais atinados que outros, uns do tipo fanfarrão, outros do tipo intelectual, uns parecem vendedores de banha da cobra, outros são do tipo cassete, todos sabichões, enfim, há sumidades para todos os gostos e paladares.

 As tribos identificam-se por cores, que ostentam das mais diversas maneiras, e que vão do azul ao vermelho, passando pelo rosa e laranja, umas mais vivas, outras já desmaiadas. Têm as suas regras internas, embora todas estejam sujeitas às leis gerais do reino.

Quando vão a votos o que ganha é o chefe do reino a quem cabe governar. Aos outros, os que perdem, resta a tarefa de impedir que o vencedor governe e, para isso, farão os possíveis e impossíveis até à exaustão.

É neste contexto que surge a Lua Nova, o nome de código de uma operação levada a cabo pelas forças da lei e da ordem do reino da Nova Lusitânia, no sentido de apurar, custe o que custar, se o líder, Viriato II, está ou não implicado na tentativa de controlar todo o negócio dos meios de informação o que, a ser verdade, seria uma séria ameaça não só ao equilíbrio das forças em que assenta o funcionamento social do reino mas, sobretudo, ao chamado estado de direito, assim conhecido para o distinguir do outro estado onde estava tudo torto.

E porquê a denominação de Lua Nova?

Como os sábios a quem compete zelar pelas justiças e injustiças sabem, durante o mês lunar a lua é vista de quatro formas diferentes, as chamadas fases da lua e, numa delas, na lua nova, a lua não é visível. Também conhecida por face oculta da lua. Ora, assim sendo, embora toda a gente saiba que ela lá está, é como se não estivesse. Ou seja, é assim como que um faz, mas não fez, um diz, mas não disse, uma amálgama de interesses, vontades, favores, rancores, informações e contra-informações, verdades e mentiras que ninguém pode ver, mas que toda a gente sabe que lá está. Uma confusão!

É a fase da lua ideal para os justiceiros fazerem o que lhes compete e convém!

Foi assim que os justiceiros nomeados para estudar e resolver este caso que, alegadamente, envolve Viriato II, baseados em hipotéticas conversas entre membros da tribo dominante, engendraram a Lua Nova. Andavam às voltas, sem saber como impedir aquele chefe tribal de governar, bateram com a cabeça num dos pilares da sala, viram tantas estrelas que nas suas cabeças se fez luz.

Tanta luz que até conseguiram ver o invisível.

É grande a curiosidade por ver o relatório final!

 

O.C.

08.06.10

Novelas


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Não sou grande fã de "novelas". Principalmente das que têm um conteúdo claramente virado para o simples entretenimento, a puxar para o exagero, mais ou menos alienante. Mas reconheço que somos um país de novelas. Das propriamente ditas, quase sempre brasileiras, e das outras, aquelas que alimentam rádios, televisões, revistas e jornais e que nos vão "manipulando", ou tentando "manipular" em cada dia que passa.

É a crise, é a religião, é o futebol, são os concertos. É o Fátima, futebol e fado dos nossos dias. Sem grandes diferenças do que acontecia no Estado Novo.

O Papa veio a Portugal. Quer em Lisboa, em Fátima ou no Porto, onde quer que vá, tem centenas, milhares de seguidores, com manifestações das mais diversas que nada diferem de outras tantas ao longo de décadas passadas. Toda a comunicação social aproveitou, usou e abusou, de tudo o que ao Papa dizia respeito. Não perdi muito tempo com o assunto.

Todos os dias somos presenteados com a "novela" da chamada casa da democracia - a Assembleia da República. É, quase sempre, deprimente o espetáculo que nos chega. Não sei se o que nos mostram, pincipalmente as televisões, é o mais importante do que lá se passa, ou se, pelo contrário, nos mostram o que convém para que tenhamos a ideia de que a AR não só é uma inutilidade, como parece ser um verdadeiro desperdício.  De facto, a avaliar pelo que nos mostram, não dá para ver. Deixei de perder tempo com esta "novela".

Agora é o futebol! A seleção! As bandeiras, mais as vuvuzelas, as romarias, os ajuntamentos, as viagens até à Africa do Sul, mais o A que deu um autógrafo e o B que torceu o pé e não treinou, mais o C que teve que vir dizer uma série  de coisas que já foram ditas e reditas não sei quantas vezes, mais o campo que tem relva pintada, mais o hotel que é xpto, mais umas quantas banalidades para entreter o pessoal. São os comentários, são as críticas, os palpites e as táticas. De manhã, à tarde, à noite. E a festa ainda nem começou! Como tudo o que é demais... aborrece. Creio que também vou perder esta "novela".

Organiza-se um concerto, ou coisa parecida, em Lisboa, leva-se lá a seleção a caminho do embarque para a África do Sul. Não sei se para ver, se para ser vista pelos 80 mil que lá estavam. A televisão acompanhou o autocarro durante o percurso até ao aeroporto e ainda continuo sem perceber porquê. Os jogadores foram filmados e refilmados de longe, de perto, na escada , na sala de embarque...

E dou comigo a tentar descobrir as diferenças do "Fátima, futebol e fado", do antes e do depois.

Isto não vai ser fácil...

 

O.C.