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OuremReal

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24.01.10

Nunca digas nunca!


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O Sr. Cardeal Patriarca de Lisboa não gosta de casamentos homossexuais. Disse-o na televisão para quem quis ver e ouvir. E afirmou que a sua Igreja, a Católica, NUNCA reconhecerá essa forma de união entre pessoas do mesmo sexo.

Confesso que também não acho muita graça ao "assunto"; muito mais pelo conteúdo do que pela forma, ou seja, a homossexualidade causa-me algum "embaraço", pela dificuldade da compreensão do fenómeno e pelo impacto em conceitos (ou preconceitos?) de ordem cultural e, muito menos, pela forma do contrato com que as pessoas decidem organizar a sua relação.

Fiquei sem perceber se o repúdio patriarcal era só contra esta modalidade de união, se contra qualquer forma de união, ou contra a homossexualidade, propriamente dita.

Esta discussão levar-nos-ia, certamente, a uma longa conversa...

Mas, contrariamente ao Sr. Cardeal Patriarca, acho que cada um deve organizar a sua vida da forma que entender, como lhe for mais conveniente, na busca da sua felicidade, desde que, para tal, não colida com os interesses e bem estar dos outros.

Aliás, este deveria ser o limite para outras decisões individuais em que a Igreja e os seus servidores e seguidores se intrometem; abusiva e despropositadamente!

Querer, ou achar-se no direito de impor a maneira como duas pessoas devem organizar-se, no que respeita à sua orientação sexual, parece pretensão descabida.

Tal como a imposição do celibato aos padres parece aberrante e contrária à natureza humana e à forma tradicional de constituir família, que a Igreja tanto defende.

Porquê e para que serve esta imposição?

Não seria mais humano, mais racional, deixar a decisão a cada um?

Pelo menos evitaria comportamentos clandestinos...

Mas, ao abrigo do mesmo princípio, que atrás defendo, deixemos que a Igreja Católica, enquanto organização, faça os seus regulamentos e sujeite a eles quem se quer sujeitar.

Não me incomoda, rigorosamente nada, que os padres se sujeitem ao celibato.

Só não lhes reconheço o direito à "clandestinidade"...

Agora, quanto à certeza do Sr. Cardeal, de que a sua Igreja nunca reconhecerá o casamento entre homossexuais... bem, eu não teria, assim, tanta certeza...

O tempo e a vontade dos homens vai acabar por mudar o que hoje parece ser de uma certeza inabalável.

À semelhança do que tem acontecido com tantas outras "certezas"!!!

Parece-me que estamos na presença de mais uma razão para afirmar:

NUNCA digas NUNCA!

 

 

O.C.

19.01.10

A importância do momento


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Quando se pergunta a um miúdo de sete ou oito anos o que quer ser quando for grande... é normal ouvirem-se respostas como jogador de futebol, médico, bombeiro, enfim, uma série de possibilidades que se prendem, fundamentalmente, com actividades a que se associam grandes feitos, muita mediatização, coisas muito faladas, quase sempre pelas melhores razões.

Dificilmente se ouvirão manifestações de vontade como, por exemplo, ser político.

Não por ser coisa em que não se fala, antes pelo contrário, mas, quase sempre, pelas piores razões. Daí, não ser tida como uma actividade muito atractiva, ou, pelo menos, suficientemente apelativa para os jovens que ainda não entendem que, nesta vida, nem tudo é como parece, ou, nem tudo parece o que, na realidade, é.

Afinal, ser político parece ser uma actividade ao alcance de qualquer um.

Não exige nenhuma habilitação específica, não exige nenhum currículo excepcional, não exige canudo, não exige um grande investimento, não exige, sequer, grande apego à palavra dada, permite muita flexibilidade na assumpção e desvinculação de compromissos, enfim, nada que não esteja ao alcance de qualquer português de mediana formação desde que manifeste alguma capacidade para se ir adaptando às circunstâncias e possua alguma facilidade de palavra.

Não surpreende que o simples preenchimento de um lugar político, mesmo que de reduzida relevância, como é a presidência de uma comissão concelhia de um partido, seja encarada como uma tarefa de extrema importância, tratada de forma planeada, dramatizada por vezes, mediatizada o mais possível, como se de algo muito importante se tratasse.

E se transforme, quase sempre, numa luta, onde a confrontação de interesses entre facções é indesfarçável. 

O último desaire eleitoral do PSD local retirou ao responsável concelhio, e candidato derrotado à presidência da Câmara, a vontade de continuar num lugar que, em contexto de vitória, seria de incontestável apetência e conveniência, mas que, no contexto actual, passou a ser um embaraço.

Daí que Vitor Frazão tenha precipitado eleições concelhias com vista à sua substituição na comissão política.

Inesperadamente, o primeiro candidato a candidato foi-o por poucas horas.

Podemos concluir que não era candidato de grandes convicções.

Orlando Cavaco desistiu perante a vontade de candidatura manifestada pelo Presidente da Junta de Freguesia de Fátima, Natálio Reis. 

Aguardemos pelos próximos episódios para ver como se vão posicionando as várias facções do partido e confirmar, ou não, o domínio de Fátima naquela estrutura partidária. Mas, como nos próximos quatro anos não se prevêm eleições autárquicas, não nos custa nada acreditar que aquele partido entre num período de acalmia interna e que não haja o habitual interesse na disputa do lugar de presidente da comissão política concelhia para o próximo mandato de dois anos.

Tendo sempre a convicção de que encontrar candidatos ao lugar será sempre fácil.

Tanto mais fácil quanto mais importante for o momento!

 

 

O.C.

09.01.10

Que País é este?


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Será que ainda alguém se lembra !?

Os que nasceram depois de 1974 não se lembram; claro! Talvez tenham ouvido falar!

Os que naquele ano ainda não tinham idade para perceber o que se passava, talvez não se lembrem bem ou, pelo menos, não recordem o essencial da questão, que dava pelo nome de guerra; chamemos-lhe do ultramar, colonial, de libertação, tanto faz. Era guerra!

Entre os que já tinham idade para perceber o que se estava a passar haverá os que tinham uma opinião bem formada (e informada); os que só sabiam o que o regime lhes ia dizendo; os que achavam que sim senhor, tinha que se defender a Pátria (mesmo que nem sempre se percebesse muito bem o que isso era); os que achavam que não senhor, não tínhamos nada que ir; e os que não sabiam, ou não queriam saber, do assunto para nada.

Mas duma coisa todos poderiam ter a certeza:

Aos 18,19 anos a vida complicava-se, com uma coisa muito simples (e democrática, ou popular, como quisermos) que dava pelo nome de inspecção militar (as sortes). E que sortes, para alguns!!!

Aos 20, 21 havia chatice. E da grossa! Serviço militar (a tropa).

Uns meses depois, uns mais, outros menos, mobilização. Guiné, Angola ou Moçambique. Já esqueço a Índia e Timor.

Tudo simples! (Ainda não tinham inventado o referendo!)

Os dois anos a seguir... eram assim como nos filmes... podiam correr bem, correr assim, assim, ou correr mal. E correram mal a muita gente. Os treze anos de guerra(s), de 1961 a 1974, roubaram a vida a muitas dezenas de milhar de pessoas, jovens na sua maioria.

Estima-se que cerca de dez mil militares Portugueses tenham perdido a vida.

Não faço ideia quantos ficaram estropiados, incapacitados, traumatizados, com as vidas arruinadas...

Só sei que foram muitos!

Um programa televisivo de hoje dizia que cerca de um terço dos sem abrigo são ex-combatentes da guerra do ultramar...

O motivo por que cairam nesta situação, não é difícil adivinhar...

Não sei qual o sentimento que a notícia mais despertou em mim; se revolta, se vergonha.

Talvez os dois!

Um País, Um Povo, Um Estado, ou não sei o quê, que não sabe respeitar os que, abnegadamente, deram o melhor de si, ao serviço da sua Pátria, não é País, não é Povo, não é Estado, não é nada. É UM NOJO ! Para não dizer o que me apetece! 

 

O.C.

 

 

07.01.10

Quando o bom é pior que péssimo!


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Durante o ano de 2009, segundo dizem as estatísticas,  morreram nas estradas portuguesas 738 pessoas, vítimas de acidentes. A maioria dos quais por excesso de velocidade e manobras perigosas. O que constitui, ironia das ironias, um "bom" número, porque é o mais baixo dos últimos dez anos.

Ou seja: o "bom" é muito pior que péssimo!

É esta contradição que encerra a triste realidade em que vivemos, a nossa guerra civil de cada dia, sem generais, sem metralhadoras, nem tanques, nem bombas, nem espingardas, nem ideologias.

Apenas com pessoas. Ditas normais.

E um objecto que é (ou devia ser) de conforto e prazer que se chama automóvel.

Uma mistura a que faltam, claramente, diria mesmo, gritantemente, alguns ingredientes indispensáveis para que este triste cenário se altere.

Realço, apenas, dois:

O primeiro e mais importante chama-se civismo; muito simplesmente. Um bem ao alcance de todos, que não envolve custos de qualquer espécie;

O segundo chama-se aptidão, ou competência, se quisermos; é inegável que conduzir um automóvel, nos dias de hoje, é um exercício de risco acrescentado. O número de viaturas, a potência dessas viaturas e a complexidade das vias exigem, cada vez mais, condutores mais preparados.

E assume cada vez mais pertinência a velha questão que consiste em saber se para conduzir um automóvel basta ter dinheiro para o comprar e dar umas lições; mais uns, menos outros, ir a exame uma vez, duas, três, ou as que forem precisas, e ter alguma sorte com o examinador que lhe sai na rifa.

Ou se, por outro lado, tudo deve ser antecedido por uma prova de aptidão psicotécnica, essa, sim, determinante para que se saiba se determinado indivíduo pode ou não pensar em ser automobilista.

Porque, se não se limitarem as máquinas, vão ter que se limitar os condutores. Ou seja:

Se os automóveis não atingirem mais de 100 à hora não baterão a 150. Ou, se não derem mais de 60 kms/hora não se despistam a 80. Simples! Parece!

Por outro lado,se só puderem ter carta de condução os que demonstrarem aptidão psíquica e técnica para isso, não serão automobilistas todos os que tiverem dinheiro para comprar um carro, mais potente, menos potente, conforme a carteira. Simples! Também parece!

Mas, como nem tudo o que parece é, temos que admitir que, pelo menos a curto prazo, os carros vão ser cada vez mais potentes e a carteira vai continuar a comandar a condição de ser ou não ser automobilista.

Resta-nos apelar ao civismo de cada um e lembrar a velha (e sempre actual) máxima de que nenhum soldado se pode esquecer, muito menos em situação de guerra: "NUNCA FACILITES"! O que significa que nesta guerra civil de cada dia, a que o trânsito automóvel nos conduziu, o melhor é não abusar da sorte e não fazermos aquilo que não temos a certeza de poder fazer bem.

E, mesmo assim, corremos o risco de nos enganarmos!

 

O.C.