A discussão acerca das próximas eleições autárquicas está, como era previsível, a escorregar para o lado pantanoso da questão, ou seja, não se discute o que importa e desconversa-se sobre o que não interessa; apregoa-se o fair play e a salutar convivência democrática e acaba-se na acusação, na insinuação, na ofensa e, por aí adiante.
Mas isto não acontece só nestas eleições! É mais ou menos assim em todas. Enquanto as pessoas se entretêm a discutir o nada, o importante, os projectos dos candidatos, as suas propostas e os seus comprometimentos para os futuros 4 anos, nada disso é discutido! O confronto sério não existe, para que, comparando, depois, se possa escolher!
O que não é um problema de eleições; tão pouco da democracia! É, de facto, um problema de educação, de cidadania!
É claro que eu não sei quem paga os cartazes do sr Paulo Fonseca ! Nem quem paga os do sr Vitor Frazão ! Nem quem paga os almoços, nem as deslocações, nem os automóveis para essas deslocações, nem os telemóveis, nem o aluguer das salas da campanha dum ou os jantares da campanha do outro ! Nem me interessa saber se a sede de campanha do sr Vitor Frazão é de 4 assoalhadas com vista para o mar, ou se a do sr Paulo Fonseca custou caro ou barato ou se lhe foi oferecida !
Mas duma coisa tenho a certeza: tanto nesta campanha, como nas anteriores, como entre campanhas, o orçamento municipal não suportou despesas do sr Paulo Fonseca nem do partido que o apoia!
Tão pouco quero saber se as escolhas dos candidatos foram pacíficas ou conflituosas ! Se o sr A foi preterido em favor do sr B; Se a srª Y estava para levar os patins e foi salva in extremis; se os jogos de interesse pessoal ou de facção, dentro dos partidos, foram mais ou menos dolorosos! Problemas "tribais", simplesmente!
Se a drª X andou a bater palmas ao PS e acabou na lista do PSD é um problema dela e deles (dos partidos)!
É absolutamente irrelevante que os candidatos de um sejam altos ou baixos e os do outro sejam gordos ou magros, tenham bigode ou não tenham!
Confesso que nada disto se encaixa no meu conceito de política, propriamente dita.
Quando muito, trata-se de folclore politiqueiro que serve para entreter, desviar e adormecer!
O que importa é o produto final, ou seja, quem são os escolhidos e o que valem!
O que eu sei e todos os oureenses sabem é o que se tem passado nos últimos 33 anos de governação autárquica no nosso concelho, com cerca de 30 da responsabilidade do PSD e os outros do CDS e PDC. Isso sabe-se! Ou, pelo menos, vêem-se os efeitos!
O que me interessa/interessaria saber é/era se vamos ter mais do mesmo ou se, finalmente, o concelho de Ourém acorda e se transforma!
Se, finalmente, aparece alguém que saiba fazer, e bem, sem olhar a quem!
Se, finalmente, aparece alguém que não seja só, ou principalmente, militante, mas que seja, de facto, praticante, das virtudes, capacidades e atributos com que todos se auto elogiam.
Termino com um apelo aos políticos, ou aspirantes a políticos, do concelho; todos; esquerdas e direitas; do meio, dos extremos, dependentes, independentes e o que mais houver:
Mostrem os vossos programas, as vossas propostas; discutam-nas! Com seriedade!
O concelho de Ourém merece muito mais do que aquilo que lhe tem sido dado!
Ponham, de uma vez por todas, na vossa agenda diária:
seriedade, honestidade, solidariedade, competência e transparência.
Ou, então, não se metam nisto!
O.C.