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OuremReal

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27.09.08

O Bom Pastor voltou!


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Ele era um bondoso pastor que cuidava do seu rebanho convencido que, sem ele, seria uma calamidade, tipo dilúvio, um desperdício de almas que iriam fazer as delícias do mafarrico. Eis, senão quando, o 25 de Abril de 1974, acontece. Desprevenido, assustado e desgostoso, sente-se ameaçado no seu estatuto, no seu papel de guardador de almas e reage, ao bom estilo de quem acha que a melhor defesa é o ataque e, diz quem sabe, nos tempos que se seguiram à revolução, era vê-lo, ouvi-lo aos domingos e lê-lo nos jornais cá do sítio, semanal e quinzenalmente, a desancar em tudo quanto era "comunista". E, naqueles tempos, tudo o que se desviasse mais de 20º do rumo até aí traçado pelo seu adorado e tão mal tratado regime, era comunista (no desvio dos 20 graus cabiam o desaparecido PDC, o velho CDS e o original PPD. Só!)

Depois passaram-se uns bons tempos de acalmia. Mais discreto, talvez expectante, deixa lá ver no que é que isto dá, não se mostrou muito.

Mas, nas últimas autárquicas, voltou a dar um arzinho da sua graça, e o candidato dos comunistas à Câmara de Ourém, lá voltou a "levar" com mais uns piropos do seu velho "amigo". Agora, parece que reformulou os seus (pre) conceitos e os comunistas já não são perigo nenhum, ou, talvez, um perigo menor, porque, agora, o perigo são os socialistas. Vejam só estes pequenos excertos da bela prosa, com que nos brindou, no último número do jornal de Ourém, a propósito da insegurança em que acha que vive:

"...o problema não radica na quantidade de polícia, mas sim na qualidade dela", leia-se, " no seu poder efectivo".

" Quem não se recorda do caso do polícia posto na prisão, enquanto que o ladrão que perseguia foi posto em liberdade?"

" Quanto à pena capital, uns defendem-na e outros não, mas há casos que o respeito pela vida talvez a justificasse."

" Ao Estado compete fazer justiça em ordem ao bem-estar de todos"

" O caso português nesse aspecto deixa muito a desejar. Efectivamente ao favorecer o infanticídio, como acontece com o actual executivo do Partido Socialista, que autoridade lhe resta?"

" Como se compreende que ... o Governo gaste o dinheiro público a exterminar os nascituros!"

" Vêm aí as eleições. Queira Deus que acordemos e reponhamos sensatez no exercício do poder. "

 

Em conclusão:

O Bom Pastor quer uma polícia mais musculada, como antigamente. Quanto ao infanticídio, só pode estar a referir-se à interrupção da gravidez e, pelos visos, é contra. Já a pena de morte...admite, nalguns casos, por respeito à vida (?) Esta não percebi. Julgo que fez as contas e deve ser mais barato uma execução por enforcamento, por exemplo, do que interromper uma gravidez. Mesmo não tendo nada a ver uma coisa com a outra, talvez ache preferível a que fica mais barata. Quanto às eleições...bem, nada a dizer, a não ser que abriu a época da caça... ao voto. E, depois, a cunha do costume: queira Deus que...

E se vozes de...Bom Pastor não chegarem ao céu?

 

O.C.

26.09.08

O Magalhães


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A escola de hoje não é mais a que conhecemos quando por lá passámos, menos ainda como a dos nossos pais e quase nada a pode comparar com a dos nossos avós. Da mesma maneira como as famílias de hoje são bem diferentes das de há trinta anos atrás e mais ainda das de cinquenta ou sessenta. Tal como a sociedade em que vivemos e aquela que moldou os nossos pais e avós. Tudo é diferente e, quando começamos a fazer comparações, temos que ter o discernimento suficiente para contextualizar o que estamos a comparar, sob pena de cairmos no disparate. Vem isto a propósito da recente entrega de computadores a alunos do ensino básico e da comparação que uma encarregada de educação, entrevistada à porta de um jardim de infância, fez  por causa de não haver pessoal auxiliar em número sufuciente. Dizia ela: " não há dinheiro para pagar a mais empregadas, mas há dinheiro para computadores para as escolas ".  É claro que se compreende a insatisfação pela falta das auxiliares, mas isso nada tem a ver com a entrega dos computadores; são coisas bem distintas, e querer estabelecer este tipo de comparação revela, pelo menos, ignorância.

 

Mas vamos ao Magalhães - assim se chama o computador que já foi entregue a algumas escolas e que, segundo se diz, vai poder cobrir todo o ensino básico, ou seja, o ensino obrigatório do 1º ao 9º anos, em paralelo com um outro programa de fornecimento de computadores que já foi lançado há mais tempo.

O Magalhães merece-me alguns comentários:

 

1º - O acesso dos alunos às novas tecnologias é uma decisão acertada e o facto de ser a  escola de hoje a incorporar essa preocupação na sua acção, parece-me ser positivo.

 

2º - O computador será dado a cada aluno. Bem... a ser assim, não se compreende toda a filosofia que vem sendo apregoada de dar mais a quem mais precisa, as capitações e os escalões para os subsídios da acção social escolar e, muito menos, a conversa fiada da moralidade e de mais não sei o quê. A escola ( quer dizer, o Orçamento de Estado/o nosso dinheiro ) não tem que dar computadores, como não dá livros a toda a gente, nem almoços, nem transportes, nem (quase) nada, pela simples razão de que não há dinheiro para tanto. E enquanto a gratuitidade do ensino for uma miragem,  parece que o melhor é fazer doer a todos. A escola deve, isso sim, é proporcionar a todos o acesso ao computador; quem o quiser, para lhe chamar seu, pode comprá-lo. É simples!

 

3º - A entrega. Mesmo simbólica, não precisava de tanto espalhafato. Foram ministros a mais, comitivas a mais, deslocações a mais, despesas a mais. Televisão a mais! 

 

4º - O impacto na escola. Não tenho a certeza de que as escolas estivessem avisadas para contar com esta "novidade" na elaboração dos seus projectos curriculares para o ano escolar em curso. Como também não tenho a certeza que todos os professores dominem, suficientemente bem, as técnicas didáctico-pedagógicas, no que a esta ferramenta diz respeito, de modo a tirar o melhor rendimento do seu uso. O computador não pode ser um brinquedo para entreter meninos, nem um obstáculo ao trabalho docente. E não parece espectável que o seu uso se restrinja ao período das actividades de complemento curricular, pelo que parece necessário um bom período de adaptação até que o computador ocupe o lugar a que tem direito no dia a dia de uma sala de aula.

 

5º - O impacto nas famílias. Para a maioria, o computador já não será novidade o que não significa que perceba suficientemente do assunto para poder intervir, se necessário, ou acompanhar o seu educando nas dúvidas, nos estudos, na net, enfim, em todas as valências que o computador oferece. Tenho dúvidas que, da parte de muitas famílias, haja a capacidade de evitar que as coisas descambem para o lado errado. A net tem demasiados perigos que convivem mal com o desconhecimento, a distracção, ou excessos de confiança.

Também aqui a escola vai ter de incrementar uma maior concertação e união de esforços para que tenhamos, cada vez mais, encarregados de educação informados e avisados.

 

E já que os computadores vão para casa, que todos os usem, os aproveitem. Convenientemente!

 

E que não apareça alguém que ache que o melhor é vendê-lo para ... comprar uma porcaria qualquer!

 

 

O.C.

17.09.08

Espite é já ali!


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Durante uns anos, a vida profissional afastou-me um pouco do concelho de Ourém. Para além da localidade  "dormitório ", durante a semana, e residência nos fins de semana, eram raras as incursões no concelho profundo, ao ponto de permitir que o meu registo mental se fosse desactualizando, no que respeita à realidade de algumas das freguesias. À maneira que vou tendo disponibilidade, procuro revisitar alguns dos lugares que conheci e que já não vejo há mais ou menos tempo. Foi assim que, há dias, passei na sede da freguesia de Espite, onde já não estava há uns bons anos, não sei bem quantos, mas os suficientes para ficar surpreendido, agradavelmente surpreendido, com o que estava a ver: a rua principal que leva até à Memória está cuidadosamente asfaltada, há passeios arranjados, há espaços públicos organizados, há edifícios limpos e cuidados; o que pude ver, embora superficialmente, não tinha muito a ver com a ideia que tinha o que me leva a tirar, pelo menos, duas conclusões:

A primeira é a de que os responsáveis autárquicos, por aqueles lados, não têm andado distraídos.

A segunda é que há muitos anos que não passava em Espite.

Foi agradável ver este progresso! É claro que desconheço se existem infra-estruturas que proporcionem o necessário bem estar a quem lá vive, mas deduzo que os mínimos não faltem ao ponto de deixar no ar uma pergunta: o que faltará a Espite para que possa ser elevada à categoria de vila?

 

O.C.