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OuremReal

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27.08.07

Espanhol, NÃO


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Quando andei na Escola aprendi que Portugal era um País de heróis inigualáveis, de navegadores destemidos que descobriram novos mundos, de valorosos guerreiros que se fartaram de ganhar batalhas, de conquistar terras aos infiéis e de garantir a nossa independência dos vizinhos aqui do lado, a quem eu sempre considerei como a maior das ameaças. Sobressaem datas, episódios e figuras marcantes como D. Afonso Henriques, independência em 1143, D. João I, Aljubarrota, 1385, D. João II, Tordesilhas, Alcácer Quibir, 1580, os Filipes, D.João IV, 1640 e Olivença, como nâo podia deixar de ser.

Nunca ninguém me disse, a história que estudava também não o referia, e só o tempo me foi mostrando que, afinal, éramos tão heróis como os outros, cometíamos as mesmas barbaridades que os outros, os mesmos erros que os demais, e, também como os outros, procurávamos defender os nossos interesses, embora nem sempre bem. 

Tudo isto me parece perfeitamente natural. Sempre assim foi e, provavelmente, assim continuará a ser.

Mas aquele sentimento que a Escola criou, e a sociedade em que fui crescendo alimentou, foi tão forte, que, nem o tempo, nem a consciência perfeita que tenho de todo o exagero, conseguiram apagar por completo. Ao ponto de, com frequência, num primeiro ímpeto, perante as situações mais diversas, me ver confrontado com o tal sentimento de "portuguesismo espontâneo" que me obriga a pensar duas vezes antes de reagir. Talvez por isso, por pensar duas vezes, ( o que não quer dizer que pense correcto ) não ando de bandeira às costas quando joga a selecção de futebol, acho um disparate empoleirar a bandeira em tudo o que é sítio, desde o curral dos porcos à capoeira das galinhas, fico emocionado quando ouço o hino nacional e irritado quando uns quantos se pôem a assobiar enquanto o hino toca.

Vem isto tudo a propósito do meu portuguesismo, espontâneo e incontido, que deu um salto de afronta com a conversa do escritor José Saramago, que numa entrevista de há uns tempos atrás, disse que Portugal e Espanha deveriam constituir um País único que se deveria chamar Ibéria. Isto, na prática equivaleria a dizer que Portugal passaria a ser mais uma região de Espanha.

Primeira reacção:

- Ora aqui está mais um traidor, mais um Miguel de Vasconcelos de meia tigela !

Pensando duas vezes:

- Ele casou com uma senhora espanhola;  vive em Espanha, onde tem de pagar o IVA mais baixo que  nós, os ordenados são maiores e os combustíveis muito mais baratos;  deve ser, julgo eu, bem tratado em Espanha ( talvez melhor que em Portugal); conhece muito melhor o mundo do que eu e todas as engrenagens que o fazem andar; ganhou um Prémio Nobel, certamente porque tem valor para isso e não por falar castelhano em vez de português.

Se calhar tem razão !

Pois é ! Mas não há volta a dar !

Pensando melhor:

José Saramago tem todo o direito de querer ser espanhol ! Seja-o ! Faça bom proveito !

Eu continuo a gostar de (e a gastar) calamares, ensaladilla, paella e o que mais valer a pena, como gasóleo ou gasolina. E continuo a simpatizar com o Real Madrid.

Mas ser espanhol... NÂO ! Obrigado ! Apesar de todas as nossas desventuras...

 

O.C.

08.08.07

A primeira pedra


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Segunda-feira, dia 6, marca o início das obras para a instalação do Modelo em Ourém. Um ano após a autorização da Câmara Municipal são muitas as dúvidas que se mantêm:

- Que necessidade há para mais um hipermercado?

- Que projecto para a cidade, para a localização naquele local?

- Onde está o estudo do impacto do tráfego na zona e vias próximas?

- Onde está o estudo do impacto ambiental, nomeadamente a interferência  que vai ter numa área habitacional em grande expansão e na qualidade de vida de quem está a investir numa zona que era suposto ser tranquila ?

Claro que estas questões não têm resposta, porque quem manda e desmanda nesta terra não tem que se preocupar, nem pode perder o seu precioso tempo com estas ninharias...

Mas, como dizia, o dia 6 ficou assinalado com uma tremenda nuvem de pó, provocado pelo início das terraplanagens, que invadiu casas e quintais, paredes, telhados, plantas e automóveis, deixando tudo em tons de castanho, com continuação pelos dias seguintes, com maior ou menor intensidade, de acordo com a brisa que sopra do lado poente. Depois, são os camiões, uns a seguir aos outros, cargas destapadas, ruas fora, a andar bem e a espalhar mais uma camada de pó por onde passam. Como se fosse no deserto ! À portuguesa !

Foi assim como que o lançamento da primeira pedra para mais uma grande obra, de que toda a cidade e, em especial, o município se vai, certamente, orgulhar muito, porque também é assim que, segundo alguns entendidos, se mede o progresso.

Ou muito me engano, ou as fases que se seguem - a construção primeiro e, depois, o funcionamento normal duma estrutura deste tipo, vão dar muitas dores de cabeça a muita gente. Mas isso não interessa nada!

Como é para progresso da cidade, quiçá do concelho, e a bem do Povo...

E como o Povo está calado, ( quem cala consente ) é porque está bem ! Então siga !

 

O.C.

07.08.07

Jogar ou não jogar à bola


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As televisões não se calaram, o dia todo, com a história do vôo da equipa do Futebol do Clube do Porto, de Amsterdão para a cidade do Porto e que, por razões que parece terem a ver com interesses da companhia, foi dirigido para Lisboa. Depois, em Lisboa, quando foi posto à disposição dos passageiros outro avião para o Porto, surgiram desentendimentos entre alguém ligado aquela equipa e a tripulação que acabaram por fazer com que os portistas saíssem do avião e fossem de autocarro para o Porto.

Peripécias destas ou muito semelhantes, como atrasos que não são explicados, vôos adiados, bagagens que desaparecem, horas de espera que não são compensadas, demoras na entrega das bagagens, acontecem com alguma frequência sem que qualquer televisão se lembre de gastar longos minutos de noticiário a relatar o acontecimento. Como se trata de uma equipa de futebol, e que, por acaso não é o grupo desportivo ali da esquina, é um alarido que nunca mais acaba. Não é que ache mal que o assunto seja noticiado, porque, dado o facto que o motiva, parece-me perfeitamente justificado. O que acho mal é que as ditas televisões dêem tanta importância à notícia, só porque no avião vinha a equipa do FCP e não a teriam dado, certamente, da mesma maneira, se os passageiros fossem apenas cidadãos comuns, que pagaram o seu bilhete e que, como tal, só têm que ser tratados com a consideração que merecem. Mesmo que não joguem à bola!

 

O.C.