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OuremReal

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07.10.08

O nosso "cavalo de Tróia"


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Quem não se lembra da lenda do cavalo de Tróia que os livros da história antiga nos contavam como um dos episódios das guerras que opuseram Gregos a Troianos?

Trata-se, no fundo, de mostrar como a astúcia de uns pode vencer a força de outros. Os Gregos, depois de um prolongado cerco a Tróia, constataram que eram incapazes de conquistar a cidade pela força. Desistiram, aparentemente, mas, na retirada, deixaram  junto às muralhas, um enorme cavalo de madeira, em cujo interior, esconderam um grupo de guerreiros, na esperança de que estes pudessem entrar na fortaleza e abrir caminho aos restantes para o assalto. Como em todas as lendas, o que era suposto acontecer, aconteceu. Os troianos consideraram a retirada do inimigo como uma vitória, festejaram efusivamente e levaram para o interior das muralhas o cavalo que consideraram como um troféu dessa vitória. O resto já se adivinha: durante a noite, os guerreiros saíram do interior do cavalo, aproveitaram o estado pouco vigilante da euforia dos troianos, mataram as sentinelas, abriram as portas da fortaleza e os Gregos entraram e conquistaram Tróia. 

Simples, fácil e eficiente! Pelo menos é o que parece a tantos séculos de distância!

Mas o que importa retirar desta história é que foram os Troianos, com a sua distracção, que levaram para dentro da cidade a sua própria destruição.

Pois bem, ressalvadas as devidas distâncias e diferenças, é um pouco disto o que parece que se está a passar com o concelho de Ourém.

Enquanto não puderam escolher os seus autarcas, nada podiam fazer, tinham que esperar que o destino lhes desse alguém, suficientemente dedicado e sério, que se preocupasse com os verdadeiros interesses do colectivo e não pusesse em primeiro lugar a sua própria sobrevivência política, os seus interesses, pessoais ou de grupo.

Mas, quando lhes foi dada a oportunidade de escolher, nem sempre se mostraram clarividentes para avaliar a acção dos seus eleitos e reformular, em actos subsequentes, os seus critérios de escolha.

A conclusão a retirar é uma dúvida de hipótese múltipla:

Ou os oureenses andam preocupantemente distraídos; 

Ou desinteressados;

Ou intelectualmente manipulados;

Ou, a crise de valores (de gente capaz) é tal, que não têm alternativas.

Ou, então, está tudo errado, e a democracia é uma coisa diferente do que era suposto ser.

Vem isto a propósito do que por aí se anuncia sobre a eventual candidatura à presidência do Município, nas próximas autárquicas, do actual vice-presidente, fundador e activista do movimento separatista "Fátima a concelho". Se essa candidatura tiver, ao que tudo indica, o apoio do Partido a que pertence, o PSD, a sua eleição corre o risco de acontecer, conhecendo-se, como se conhece, o habitual comportamento do eleitorado do concelho.

Então teríamos o nosso "cavalo de tróia" instalado e pronto a pôr em prática a velha máxima de " se não consegues vencê-los, junta-te a eles ", para, na primeira oportunidade, na primeira distracção, termos Fátima no topo e o resto do concelho a assistir. Já está assim acontecendo por acção da maioria do actual executivo municipal, mas, com aquela hipótese, tudo seria diferente e mais rápido.

É preciso deixar claro que reconheço ao vereador e vice-presidente Vitor Frazão todo o direito e legitimidade de se candidatar, de liderar o movimento que entender e defender a sua terra. Reconheço todo o empenho que demonstra nas causas em que participa, a sua determinação, a sua ambição, (porque também é preciso ter ambição), mas não sou a favor da causa fatimense, ou seja, embora reconheça que Fátima, por razões sobejamente conhecidas, possa ter um estatuto próprio no contexto concelhio e nacional, não aceito que isso possa ser conseguido com prejuizo do resto do concelho.

Se pudesse fazer um apelo, aos eleitores do concelho de Ourém, de modo a que o lessem e sobre ele meditassem, fá-lo-ia. Como não consigo ir tão longe... resta-me a esperança de que não se comportem como os tróianos na antiguidade!

 

O.C. 

 

 

 

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