28.02.24
Estação de Fátima
ouremreal
A Catarina é uma algarvia de Faro que estuda em Coimbra. Não vai a casa com frequência, porque a distância é grande, a viagem além de maçadora é cara e o dinheiro faz falta para outras coisas.
Há duas semanas resolveu ir visitar a família e convidou um amigo, o Tiago, que é de Pombal e aluno do mesmo curso na universidade. Foram de autocarro! Diretos de Coimbra a Faro. No regresso, enquanto a Catarina comprou bilhete de autocarro direto de Faro a Coimbra, o Tiago fez diferente, porque precisava de ir a casa, em Pombal, antes de ir para Coimbra. Assim, telemóvel na mão, comprou bilhete para o mesmo autocarro da Catarina, de Faro para Fátima, porque, assim, sempre vinham juntos até aqui. E como viu que na linha do norte existe a estação de Fátima, pensou: chego a Fátima, deixo o autocarro, espero um pouco, apanho o comboio e, depressa, chego a Pombal onde tenho alguém que me vai buscar à estação. E, assim fez. Só que nem sonhava com a surpresa que o esperava à chegada a Fátima. Deixou a amiga, saiu do autocarro e, muito naturalmente, perguntou onde era a estação para apanhar o comboio para Pombal. Qual não é o seu espanto, quando lhe dizem: mas aqui não existe nenhuma estação de comboio! Incrédulo questionou: mas não é aqui a estação de Fátima! Ao que lhe responderam: Não! Não é! Essa estação de Fátima a que se refere fica aqui a uns vinte e poucos quilómetros de distância, já no concelho de Tomar e de Fátima só tem o nome. Um nome de conveniência com que alguém “batizou,” no século passado, a até então mais conhecida por estação de Chão de Maçãs – Gare. E agora! O autocarro já foi, falta menos de uma hora para o comboio, o que faço? Claro, a solução óbvia: um taxi de Fátima, propriamente dita, para Fátima que não é Fátima nenhuma, mas sim um embuste para enganar incautos. O que aconteceu ao Tiago não é muito frequente! O que acontece muitas vezes é o contrário, principalmente a estrangeiros, turistas, que chegam à estação de comboio de Fátima a pensar que estão a chegar à cidade do Santuário. E como as ligações em transportes públicos entre as duas Fátimas não existem, pelo menos com a regularidade necessária, o recurso acaba por ser sempre o mesmo – o taxi. O Tiago aprendeu! Muitos outros irão aprendendo! Porque...se já andamos nisto há quase um século...e não acontece nada...o mais provável é que assim vá continuando!
O.C.