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OuremReal

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28.02.24

Estação de Fátima


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A Catarina é uma algarvia de Faro que estuda em Coimbra. Não vai a casa com frequência, porque a distância é grande, a viagem além de maçadora é cara e o dinheiro faz falta para outras coisas.

Há duas semanas resolveu ir visitar a família e convidou um amigo, o Tiago, que é de Pombal e aluno do mesmo curso na universidade. Foram de autocarro! Diretos de Coimbra a Faro. No regresso, enquanto a Catarina comprou bilhete de autocarro direto de Faro a Coimbra, o Tiago fez diferente, porque precisava de ir a casa, em Pombal, antes de ir para Coimbra. Assim, telemóvel na mão, comprou bilhete para o mesmo autocarro da Catarina, de Faro para Fátima, porque, assim, sempre vinham juntos até aqui. E como viu que na linha do norte existe a estação de Fátima, pensou: chego a Fátima, deixo o autocarro, espero um pouco, apanho o comboio e, depressa, chego a Pombal onde tenho alguém que me vai buscar à estação. E, assim fez. Só que nem sonhava com a surpresa que o esperava à chegada a Fátima. Deixou a amiga, saiu do autocarro e, muito naturalmente, perguntou onde era a estação para apanhar o comboio para Pombal. Qual não é o seu espanto, quando lhe dizem: mas aqui não existe nenhuma estação de comboio! Incrédulo questionou: mas não é aqui a estação de Fátima! Ao que lhe responderam: Não! Não é! Essa estação de Fátima a que se refere fica aqui a uns vinte e poucos quilómetros de distância, já no concelho de Tomar e de Fátima só tem o nome. Um nome de conveniência com que alguém “batizou,” no século passado, a até então mais conhecida por estação de Chão de Maçãs – Gare. E agora! O autocarro já foi, falta menos de uma hora para o comboio, o que faço? Claro, a solução óbvia: um taxi de Fátima, propriamente dita, para Fátima que não é Fátima nenhuma, mas sim um embuste para enganar incautos. O que aconteceu ao Tiago não é muito frequente! O que acontece muitas vezes é o contrário, principalmente a estrangeiros, turistas, que chegam à estação de comboio de Fátima a pensar que estão a chegar à cidade do Santuário. E como as ligações em transportes públicos entre as duas Fátimas não existem, pelo menos com a regularidade necessária, o recurso acaba por ser sempre o mesmo – o taxi. O Tiago aprendeu! Muitos outros irão aprendendo! Porque...se já andamos nisto há quase um século...e não acontece nada...o mais provável é que assim vá continuando!

O.C.

03.01.24

Órbita terrestre


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É só uma curiosidade! Estou a ler e registo:

Hoje, quarta-feira, dia 3 de janeiro, é o dia do ano de 2024 em que a Terra, no seu movimento de translação, está mais próxima do Sol, aproximadamente a 147 milhões de kms. É o chamado periélio. Em oposição, no afélio, ponto mais afastado da órbita terrestre em relação ao Sol, estará a mais 5 milhões de Kms. É também hoje que se verifica a maior velocidade orbital da Terra ao serem atingidos 30,3 /kms/ segundo. O que, só para completar a curiosidade e, fazendo as contas, dá: 30,3 Kms/s x 60s = 1818 kms/m; e 1818 kms/m x 60m = 109 080 kms/hora. É obra! E ninguém dá por nada! Mas...com esta velocidade...não admira nada que haja tanta cabeça a bater mal...!

 

O.C.

10.10.23

A doação


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Notícias surgidas depois de uma recente reunião da Assembleia Municipal dizem que:

- Uma multinacional, através de um dos seus dirigentes, que é oureense, pretendeu doar ao Município de Ourém determinada quantia, significativa, ao que se diz, para ajudar à reflorestação da área ardida no concelho;

- O Presidente da Câmara não terá dito sim, nem não, apenas ignorou e não respondeu, sequer, aos emails que a empresa lhe enviou;

- E esclareceu que a área ardida não pertence ao Município, mas sim a privados, pelo que a tal multinacional deveria ter feito a proposta a estes e nâo ao Município;

- Acrescentando, ainda, que enquanto for Presidente da Câmara será muito difícil um privado doar o que quer que seja ao Município, porque em nome da transparência e da seriedade deve ser assim.

Perante isto, ocorre-me o seguinte comentário:

Primeiro – Seria interessante saber que verba estaria em causa e em que condições a multinacional pretendia fazer a doação;

Segundo – A proposta deveria ter tido uma resposta, qualquer que ela fosse; É básico no relacionamento entre instituições;

Terceiro – O Município sabe, as treze Juntas de Freguesia e outras tantas Assembleias que gerem as dezoito freguesias do concelho também sabem as áreas ardidas em cada uma delas e devem saber, (não é admissivel que o não saibam), quem são os respetivos donos e ter uma noção dos prejuízos de cada um;

Quarto – O Presidente da Câmara, visto não querer liderar o processo, deveria ter dado conhecimento do mesmo às freguesias e auscultar cada uma delas sobre o eventual interesse no mesmo deixando que cada uma decidisse; tanto quanto se sabe, não fez isso!

Quinto – É incompreensível que se adote o princípio de rejeitar uma doação com base em pressupostos de transparência e seriedade, (ou falta deles) quando, afinal, isso não resulta da natureza do ato, em si, mas única e exclusivamente dos intervenientes no mesmo. E não é aceitável que, à partida, se cataloguem pessoas ou instituições com base em pressupostos, em preconceitos, que carecem, naturalmente, de ser fundamentados para ter qualquer justificação

Por último, para quem acredita no regime democrático que temos, mesmo com as imperfeições que resultam, muitas vezes, de algum excesso de representatividade em prejuízo da participação mais ativa e direta das populações locais, parece ser fundamental dar voz às Assembleias de Freguesia que são, afinal, as mais próximos das pessoas e melhor conhecem os seus problemas, necessidades e anseios, cabendo aos respetivos Presidentes de Junta ser portadores de tudo isso e fazer-se ouvir naquele que deveria ser o órgão máximo da gestão municipal – a Assembleia Municipal.

 

O.C.

29.09.23

Nós, migrantes


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O Município de Ourém subordinou os três dias do festival cultural deste verão de 2023, que decorreu na vila medieval de Ourém, ao tema “nós, migrantes” pondo em destaque o contributo que os oureenses têm dado para a divulgação e conhecimento do nosso concelho e das nossas gentes por todo o mundo. De tudo o que foi referido e mostrado e que tive a oportunidade de presenciar, chamaram-me a especial atenção quatro aspetos:

1 - A exposição fotográfica de Gérald Bloncourt que mostrou parte da realidade vivida pelos emigrantes portugueses que, principalmente, nos anos 60 do século passado, saíram de Portugal, rumo a terras francesas, na busca de uma vida melhor e outras condições que a miséria que viviam no seu país lhes negava.

2 – A variedade gastronómica proporcionada pelos diversos stands representativos de lugares e países onde chegaram os nossos conterrâneos, sempre na procura de melhores condições de vida, com destaque para as mostras gastronómicas não só de França, mas também do Reino Unido, Brasil, Angola e Moiçambique.

3 – A apresentação do livro intitulado “ Como o fumo do comboio” do escritor oureense José Carlos Godinho, ele próprio um imigrante, ainda jovem, em terras francesas na década de 60 do século passado.

4 – As palavras do Secretário de Estado dos Negócios Estrangeiros, Francisco André, um oureense em funções governativas e que, por essa mesma razão, tem largo conhecimento da vida e dos trajetos de emigrantes e imigrantes, e em particular dos seus e nossos conterrâneos.

Quanto à exposição fotográfica, que não constiuirá uma novidade para quem viveu ou, de alguma maneira, acompanhou aquela época, servirá, principalmente, para as gerações posteriores poderem avaliar a vida de sacrifício de seus avós, ou pais, nalguns casos, que, na sua grande maioria, tiveram uma vida tanto ou mais miserável do que aquela que tinham quando partiram, deixando as suas famílias, mas com uma grande diferença: por cá, viviam mal, sem grandes, ou mesmo nenhuns bens e sem dinheiro; lá, viviam mal, em péssimas condições muitas vezes, mas com remunerações que lhes permitiam enviar à família algumas remessas, de tempos a tempos e proporcionar aos seus algumas condições de vida que antes não tinham; para além de poderem amealhar algumas reservas para garantir o futuro, quando, anos mais tarde, voltassem às suas origens. Era por isto, foi para isto, que muitos se sacrificaram e, para a grande maioria, terá valido a pena.

Mas houve outros migrantes, muito mais jovens que aqueles, eles que também emigraram e, quase todos, por razões diferentes, pensando sempre em outros aspetos da vida, animados por ideais mais políticos do que meramente económicos, por inconformismo com a situação política que então se vivia e, principalmente para fugirem ao cumprimento do serviço militar que , na maioria dos casos, conduziria a uma participação na guerra colonial. E, por isto e não só para perceber o quotidiano da emigração em geral, também vale bem a pena ler o livro “como o fumo do comboio” e perceber o que isso significa, ou significou, para uma boa parte desses jovens que, levados pela utopia da sua juventude, concluiram, anos mais tarde, que aquilo com que sonharam, afinal, não passou disso mesmo - “utopia”, e no seu regresso a Portugal, quando aconteceu o 25 de abril de 1974 e a guerra colonial acabou, constataram que os acontecimentos acabaram por tomar um rumo diferente daquele com que sonharam, vendo os seus sonhos esfumarem-se “como o fumo do comboio” tendo, grande parte deles, caído no desalento, voltando aos lugares onde tinham sido “felizes” e por onde muitos foram ficando, nem sempre tão felizes como sonharam ser.

Foram três dias interessantes, os deste festival cultural! Que deram para meditar e comparar o antes e o depois! Pelo menos para quem gosta de pensar e tirar conclusões!

Interessantes, também, as palavras do S.E. dos Negócios Estrangeiros, ao dizer que: “ Segundo os mais recentes dados, os cidadãos naturais do concelho de Ourém a residir no estrangeiro ascendem a 12000, espalhados por 36 países. Esta dissiminação e a cada vez maior representação em cargos de relevo em todo o mundo, enriquece e dignifica muito a nossa matriz identitária”.

 

O.C.

 

10.08.23

Jornadas Mundiais da Juventude


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Terminaram as Jornadas Mundiais da Juventude!

Vi, ouvi e li bastante sobre o que se foi passando e, naturalmente, confrontando tudo isso com as minhas ideias, convicções, preocupações e ambições também tirei algumas conclusões:

Primeira – O Papa Francisco não parece um Homem deste tempo! Quero com isto dizer que, estando a mensagam que transmitiu completamente desenquadrada do contexto social atual, ou desconhece a realidade, o que não é provável, nem seria admissível, ou, conhecendo-a, decidiu provocar aqueles que sustentam essa realidade e dar uma pedrada no charco, sem medo de enfrentar as ondas de choque que daí poderão surgir. Talvez, também, porque sinta que a sua idade e saúde já não lhe permitirão estar em Seul (sabe-se lá!) e está na altura de dizer o que pensa para que nada fique por dizer! Por isto, se foi (também) por isto que disse o que disse, tem, ainda mais, o meu apreço.

Segunda – Duvido que qualquer evento que tivesse um objetivo diferente tivesse a adesão, o investimento, o compromisso, a publicidade e, ao que se diz, o sucesso que este teve! Andamos há meio século para encontrar um sítio para fazer um aeroporto, por exemplo, e ainda não fomos capazes de o encontrar. De repente, é preciso organizar um evento da Igreja Católica e, em quatro anos, aparece o sítio adequado, o capital necessário para investir, fazem-se as infraestruturas adequadas, mobilizam-se milhares de colaboradores e voluntários, as figuras do costume mostram-se e desdobram-se em aparições e apelos aqui, ali e acolá e aparece um milhão e meio de peregrinos. É certo que estamos a falar de coisas diferentes, dimensões diferentes e, sobretudo, de interesses diferentes...! Mas, mesmo assim, a pergunta é óbvia: que outra organização teria idêntica capacidade mobilizadora?

Terceira – Há palavras que soam bem! Ainda melhor se forem ditas por um Homem com o carisma do Papa Francisco! Eu gostei de ouvir! Mas duvido que toda a gente tenha pensado da mesma maneira, quando se ouviu, por exemplo, TODOS, TODOS, TODOS! NÃO TENHAIS MEDO! Creio que estaria a falar para dentro da sua Organização, porque isso foi uma constante do seu discurso! E, aí, entende-se bem o alcance e objetivo das palavras! Mas creio bem que a grande maioria dos que escutaram esses incentivos os receberam, entenderam como sendo um apelo a que cada um, no seu dia a dia, nas suas vidas, procure transcender-se, destacar-se, suplantar os outros, “libertar-se” dos constrangimentos sociais. Porque há regras, há direitos e deveres, há liberdade, responsabilidade e repeito pelo outro, qualquer que ele seja, que limitam, condicionam o indivíduo. Ignorar isso é cultivar o individualismo, o cada um por si, que, naturalmente, conduzirá ao egoísmo! Não é esse o objetivo das palavras do Papa Francisco, mas será isso que acontecerá se transpusermos, pura e simplesmente, para a sociedade, no seu todo, o que o Papa pretende para a sua Igreja! Trata-se de dois universos nuito diferentes|! E parece claro que não será pela soma dos individualismos, pela competição que se vem cultivando na sociedade atual, que se alcancerá o bem comum! Como, à partida, não temos todos as mesmas condições... ou alguém cuida de “ajustar/regular” os percursos ou, no final das contas, uns terão muito, outros pouco e muita gente quase nada. E não é isso que o Papa Francisco quer!

Para terminar, duas reflexões: Em primeiro lugar: fala-se em muitos milhões gastos, questiona-se a transparência de alguns atos e ficam dúvidas sobre o retorno do investimento. Esperemos que o tempo vá esclerecendo tudo isto e que possamos concluir que todo o esforço feito valeu a pena. Segundo, o aproveitamento que algumas figuras públicas fizeram do acontecimento pareceu, claramente, exagerado e fica a dúvida se esse “exibicionismo” se deveu a critérios da comunicação social, televisões acima de tudo, que terão, naturalmente os seus interesses e objetivos, ou se se trata de uma “necessidade” existencial dos protagonistas, que, por vezes, parece doentia.

O.C.

 

31.07.21

O Castelo de Ourém


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Depois de dois anos encerrado para obras o Castelo de Ourém reabriu ao público mesmo sem a anunciada cerimónia de “inauguração” com a presença do mais alto magistrado da nação, prevista para o dia 27 do corrente mês de julho. Apesar de algumas “espreitadelas” durante estes dois anos, que foram dando alguma informação sobre as obras no exterior, o que se passava no interior, tanto no Castelo como no Paço e Torrões era uma incógnita. A recente polémica que se instalou com a divulgação de imagens do Terreiro de Santiago e a comparação entre o que existia desde o início da década de oitenta do século passado e o que fica depois desta remodelação despertou, ainda, mais interesse para uma visita. Como se costuma dizer...“ver para crer”...! Por isso participei numa visita guiada na passada quarta-feira, 29 de julho, superiormente conduzida pelo Helder Farinha, um jovem com muita simpatia e com a lição bem estudada a mostrar que sabia do que falava. Muito do que ouvi sobre a história do Castelo, do Paço, da vila de Ourém e dos seus protagonistas mais notáveis não foi novidade, mas sabe bem ouvir de novo, principalmente quando o assunto nos agrada, como foi o caso. Quanto ao que vi...vou dividir em três categorias: o que gostei mais, o que gostei assim, assim e o que não gostei nada.

1 - Do que mais gostei:

Em primeiro lugar, sem dúvida, o arranjo, a acessibilidade e o aproveitamento dado ao Paço e aos Torreões (refiro-me, especialmente, ao do lado nascente, cujo interior conhecia desde os “longínquos” bailes do dia da espiga de há sessenta anos (ou +), mas que, com estas obras, deixou de parecer o mesmo. Também gostei do arranjo do Castelo, das torres (embora não se visite o interior delas), das ameias e, principalmente, da zona da cisterna. Desta vez não descemos até à água (nem sei se isso, agora, é possível) como fazia a gaiatada do meu tempo. E já não estará lá a velha escada de madeira que nos permitia ir molhar o pé! Portanto, neste capítulo, em primeiro lugar, sem dúvida, o Paço! Uma beleza!

2 - Do que gostei assim, assim:

A ponte metálica que liga o Paço ao Torreão. Parece uma solução prática e segura, apenas o material se afigura um pouco desajustado daquele contexto. Mas...não é de rejeitar! A solução que sempre idealizei, a reposição da ligação (supostamente) original, em pedra, com passagem sobre um arco, nem sei se seria viável...!

Ainda neste capítulo coloco a pedra usada nas escadarias. E há muitos degraus! Só uma das escadarias que ligam o Paço ao Castelo tem quarenta e muitos! Não é por falta de qualidade do material, apenas porque parece “novo”de mais naquele conjunto. É verdade que está no exterior, não afeta as estruturas. Portanto...nada de grave! Na minha opinião, claro!

Um reparo feito por um dos participantes na visita: em dias de geada...cuidado! A pedra é muito lisa e vai escorregar!

3 -Aquilo de que não gostei mesmo:

O Terreiro de Santiago! Não faço a mínima ideia a que critérios terá obedecido a solução encontrada nos anos oitenta do séc. passado, com a estátua de D. Nuno Álvares Pereira colocada no centro daquela rosa-dos-ventos gigante, em calçada, com relva em volta! Apenas sei, tanto quanto me lembro, que não houve contestação, a obra terá agradado e eu também gostei! Certamente que ninguém se lembrou que, em tempos idos, aquele espaço terá sido explorado em termos agrícolas e que existe uma fotografia muito antiga a mostrar que ali existiram oliveiras. Nem tão pouco tiveram em consideração que ali terá existido um capela dedicada a Santiago. Sou levado a concluir que, naquela altura, apenas houve a preocupação de dar algum brilho a um espaço que estava degradado, aproveitando a ocasião para realçar a figura do Condestável e a sua ligação a Ourém e ao castelo.

Agora, o que lá está, à vista de todos, é um espaço com relva, com quinze oliveiras no topo norte e um muro, em toda a volta, a dar a ideia de que se trata de um quintal particular. Salvou-se a estátua que lá ficou, sozinha, a aguardar que, num futuro próximo (talvez mais 40 anos) alguém resolva mudá-la de sítio. Se era para “voltar” ao passado...as oliveiras fazem sentido, talvez quinze sejam poucas, o muro protege o quintal e a estátua está a destoar.

Não gostei! Mas...gostos são gostos...! Não é por causa de “terreiro” ter passado a “quintal” que o castelo de Ourém deixa de ser o que é.

Outro ponto de que não gostei, ou melhor, não percebi: o estacionamento do lado poente passou a ser um espaço relvado. Não sei o que vai sair dali! Certamente ninguém está a pensar impedir que os visitantes se desloquem até ali nas suas viaturas e as estacionem...!

Um último reparo:

Pessoas com mobilidade reduzida vão ter muitas dificuldades em visitar este monumento; até ao castelo conseguirão subir, com algum esforço, utilizando o acesso do lado nascente. Uma cadeira de rodas, nas condições atuais, não irá ao paço nem aos torreões. Um assunto à consideração de quem tem o dever de olhar por estas coisas!

Por fim, um conselho: visitem! Vale a pena!

 

O.C.

 

30.06.21

Um sr. chamado Berardo


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Há anos que andamos a ouvir falar do sr. Berardo e das suas dívidas de milhões, ou hipotéticas dívidas, já não sei, porque, segundo o próprio, não deve nada a ninguém. Pela parte que me toca é pouco importante que deva ou não deva. O que importa é que o dinheiro parece ter desaparecido e era bom que se soubesse para onde foi ou onde está. Também não importa muito saber se o tal sr. é “artista”, “vigarista”, “aldrabão”, se é isso tudo, ou se não é nada disso. Esse assunto deverá ser esclarecido por quem de direito. Como cidadão e contribuinte incomoda-me, fundamentalmente, que tivesse sido possível acontecer o que aconteceu. Como é possível haver a permissividade “legal” que permite que isto aconteça? Como é possível que a Justiça seja tão lenta a intervir para que tudo se esclareça e acabe? Como é possível que haja bancos, especialmente a C.G.de Depósitos, que possam ter tido o comportamento que tiveram sem que tenha havido a necessária supervisão, ou, se a houve, o que aconteceu? Quem foram os responsáveis por todas as operações que acabaram por lesar o erário público? Onde estão esses responsáveis? E por que não foram já todos chamados à responsabilidade? E que bens foram adquiridos com os empréstimos concedidos? Onde estão e a quem pertencem? E que garantias foram dadas para que os empréstimos se tivessem concretizado? E onde estão essas garantias?

Como é que é possível que o sr Berardo tenha tido o desplante de ir ao Parlamento, tenha “gozado”, claramente, com os deputados da Comissão e estes não se tenham levantado e posto o dito sr no olho da rua?

Só pergunto, porque não consigo entender...!!!

Agora o sr Berardo foi preso! O mesmo que foi condecorado por dois Presidentes da República e que mereceu do ex-comentador televisivo Marcelo Rebelo de Sousa os mais rasgados elogios. O mesmo sr que, ao que consta, depois destes milhões todos, tem como único património uma garagem no Funchal!

Não dá para acreditar!

 

O.C.

09.05.21

Limpeza da floresta


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O Governo considerou, a nível nacional, 1002 freguesias como de intervenção prioritária no que respeita a limpeza de floresta e fiscalização da gestão de combustíveis. Destas, 47 pertencem à região do Médio Tejo, com 13 concelhos, onde se inclui o concelho de Ourém.

Foram contemplados 12, não sendo abrangido apenas o concelho do Entroncamento.

No concelho de Ourém, que, como é sabido, possui uma vasta área do seu território coberto com zona florestal, essencialmente pinhal, (mais do que Ourém apenas o concelho da Sertã), foram contempladas 10 freguesias, 6 depois de agregadas, a saber : Espite, Fátima, U.F. de Freixianda, Ribeira do Fárrio e Formigais, U.F. de Matas e Cercal, U.F. de Rio de Couros e Casal dos Bernardos e, ainda, Urqueira.

Não tenho informação acerca da maneira como se vai efetivar essa intervenção prioritária, o que se vai fazer, onde, quando, como e por quem. Como não tenho informação do que foi feito, ou ficou por fazer, desde o último verão, que o mesmo é dizer que nada sei sobre os procedimentos que foram adotados pelo município, por um lado, e as freguesias por outro, de modo a evitar, ou minimizar, que os cenários se repitam e continue a arder o que ainda sobra das calamidades dos incêndios de verões anteriores.

E como não sei...não comento!

Mas de uma coisa tenho a certeza:

Estamos em maio e o verão está à porta! E com ele virão os incêndios! E o que não estiver devidamente organizado, programado e acautelado, não ficará aprontado neste curto espaço de tempo que ainda falta até junho.

Resta uma esperança e, também, um desejo:

A esperança é que tudo aquilo que deveria ter sido feito para prevenir uma época de mais do que prováveis sobressaltos e prejuízos, desde as limpezas dos terrenos, zonas de segurança de habitações e vias de comunicação até à prontidão, agilização e divulgação dos planos de emergência/ação de cada freguesia, esteja feito.

O desejo é que todo o investimento que vier a ser feito com a dita intervenção prioritária seja aplicado com transparência e rigor para que o concelho de Ourém possa, de uma vez por todas, ou, pelo menos, o mais e o melhor possível, libertar-se desse flagelo de cada verão e que as pessoas tenham sossego e não vejam os seus bens ou as suas vidas continuadamente ameaçados.

 

O.C.

 

11.04.21

Manipulação


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A manipulação continua. Foram 7 anos de novela que tiveram como primeiro episódio o miserável espetáculo da detenção de um ex-primeiro-ministro à chegada ao aeroporto de Lisboa, com o folclore televisivo a que o país assistiu. Foram as muitas “fugas” de informação ao longo de todo esse tempo. Foi a prisão e a humilhação com a comunicação social a contribuir para que a opinião pública fosse formatada no sentido de antecipar uma condenação que, mais cedo ou mais tarde, se pretendia ver confirmada. Foram anos de inquérito até às seis mil e muitas páginas finais. Foi uma misturada de casos a que se deu a designação de mega-processo batizado de operação marquês, ficando-se sem perceber se isto foi decidido para simplificar ou se, pelo contrário, se pretendeu, deliberadamente, complicar e dificultar para que na nebulosa de tantos factos, algumas impossibilidades, incapacidades e insuficiências se pudessem diluir e, por ventura, disfarsar alguma tentativa de fazer mais “justiça” do que a justiça permitia, mas que a opinião pública ansiava, porque para isso estava a ser preparada. Mas, algo não terá corrido como previsto. Em três horas e meia de sacudidelas o tal mega-processo não aguentou e uma boa parte dessa construção majestosa, pura e simplesmente, ruiu. E, naturalmente, as expetativas dos seus arquitetos, por um lado, e dos esforçados promotores, por outro, saíram defraudadas. Não perderam tempo! Uns vão interpor recurso, outros desencadearam uma petição pública para não deixar arrefecer os ânimos. As redes sociais estão inundadas de manifestações de indignação, a comunicação social, de uma maneira geral, continua a bater na tecla que lhe convem e há comentadores que sabem tudo, de tudo. Mas ninguém leu o processo. O que menos se tem visto é ponderação e a sensatez para tentar perceber por que é que tudo isto está a acontecer. E a coragem para identificar o que está mal, no sentido de se corrigir o que for preciso corrigir.

No final de tudo isto, o pior que pode acontecer é deixar-se que tudo fique como está, que se permita que a opinião pública continue a ser manipulada, que a mentira e a dúvida continuem a fazer o seu caminho e que as instituições e os seus atores possam deixar transparecer qualquer sinal que possa pôr em causa a confiança que nelas temos de depositar.

 

O.C.

18.03.21

Organizações secretas


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O Conselheiro de Estado, António Lobo Xavier, terá afirmado (só li, não ouvi) “ tenho clientes que me dizem que são vítimas de extorsão por serem ameaçados, entregando dinheiro e quantias e assumindo comportamentos, se não são perseguidos por uma rede maçónica que vai desde a política até às magistraturas".

Parece claro que uma denúncia desta gravidade deverá ser, de imediato, investigada por quem de direito, de modo a apurar, afinal, que extorsões, que comportamentos, que pessoas, que ações e ligações são estas.

Por sua vez, o PSD apresenta uma proposta de lei no sentido de obrigar os políticos a declararem se pertencem à Maçonaria ou à Opus Dei, fazendo crer que há perigo nas ligações a essas sociedades secretas. Há ainda quem advogue que essa obrigatoriedade deveria ser extensiva a juízes, procuradores, investigadores, PSP, GNR e PJ.

A primeira questão que se coloca é: Por que motivo é que só estes devem declarar se pertencem a essas organizações? Afinal, o "problema" é a existência delas, ou é outro? Se é por existirem, ilegalizem-se! Vamos ver quem tem coragem para isso! Passa tudo à clandestinidade e quem for apanhado na "caça às bruxas"...sofre as consequências! (Já tivemos disso!) Se o problema não está nas organizações, se são permitidas, então terá que haver tratamento igual para todos e cada um pertence ao que entender e ninguém tem nada com isso. Outra coisa, ainda, é saber se essa eventual pertença é incompatível com o exercício dos tais cargos que são referidos, porque, se essa incompatibilidade existe, das duas uma: Quem for membro, deixa de o ser, anula a “filiação” enquanto ocupar o cargo que vai exercer e pode, perfeitamente, declarar que não pertence. Se escolhe continuar na organização, deixa o cargo para outro. Quem não for membro, não tem problema em declará-lo e se, porventura, tinha intenção de o vir a ser, é só esperar que o exercício do cargo chegue ao fim. Em qualquer dos casos, quem é o que é, não deixa de o ser só porque tem que declarar que não o é.

Voltamos à velha história da célebre declaração a que se refere o art.º 1.º do dec. Lei n.º 27003, de 14 de setembro de 1936, do regime salazarista, (quem nunca leu, devia ler; são apenas 9 artigos, muito elucidativos, sobre os objetivos do diploma) em que qualquer cidadão com pretensões a ser funcionário do Estado tinha que fazer e assinar uma declaração que dizia: “Declaro que estou integrado na ordem social estabelecida pela constituição política de 1933, com ativo repúdio do comunismo e de todas as ideias subversivas”. É claro que quem precisava do emprego assinava quantas declarações fossem precisas! Sabia, perfeitamente, que se fosse “apanhado” a ser, ou a parecer, o que tinha dito que não era, estava irremediavelmente perdido.

Com esta proposta do PSD parece que estamos a repetir a história! De má memória!

As pessoas no exercício dos seus cargos têm que ser avaliadas por aquilo que fazem ou não fizeram e deviam ter feito ou pelo que dizem e não deviam ter dito, ou deixaram de dizer, quando era importante que o dissessem. E não com base em filiações, convicções, suposições, denúncias anónimas, meias verdades ou outras artimanhas. Estamos num Estado de direito e para isso existe a Justiça! Se funciona bem ou não...é outra coisa!

 

O.C.