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OuremReal

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01.02.15

A surpresa de Angola


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A descida do preço do petróleo está a começar a provocar estragos nas economias dos países que tinham naquele produto a principal fonte de financiamento. O caso de Angola é disso um esclarecedor exemplo, bem demonstrativo do que parece ser um país mal estruturado que, apesar das potencialidades enormes que possui, resolve não as aproveitar, permitindo que grande parte das populações possam ser sujeitas a dificuldades de subsistência de diversa ordem, só porque se privilegiou e concentrou a ação na exploração petrolífera e se secundarizaram setores tão importantes como, por exemplo, a agricultura, a pesca e a pecuária.

Depois de terem sido anunciadas medidas como a suspensão da construção de escolas, estradas e outras obras públicas que, em grande parte, estavam entregues a empresas portuguesas, é determinada a restrição de importações de muitos produtos que não seria suposto ser necessário importar. É com alguma surpresa que se verifica o cancelamento da importação de óleo alimentar, farinha, sal, arroz e açúcar; na agricultura mais primária não podem ser importados produtos como mandioca, milho, alho, batata doce, tomate e couve, nem fruta como manga, banana e ananás. Não podem, igualmente, ser importados carnes, peixe, ovos e frangos. O cimento e os tijolos também foram incluídos nos produtos cuja importação foi proibida.

A surpresa destas restrições resulta, em primeiro lugar, do facto de julgar que Angola não necessitaria de importar estes produtos; em segundo lugar, porque a imagem que vai passando nos media é de uma Angola rica com empresários a comprar mundos e fundos e governantes que falam alto e forte, pelo menos quando o interlocutor se chama Portugal; em terceiro lugar, não deixa de ser surpreendente que quarenta anos não tenham sido suficientes para que um país com tantas potencialidades não tenha sido capaz de se transformar numa verdadeira potência mundial, mais auto-suficiente e com menos dependência do petróleo.

Por outro lado, esta crise pode ser benéfica na medida em que possa obrigar os responsáveis angolanos a dinamizar aqueles setores até agora secundarizados e que podem estruturar devidamente o setor produtivo interno e, obviamente, melhorar as condições de vida da sociedade angolana.

No que toca aos portugueses que trabalham em Angola e aos empresários e às empresas que ali estão a investir e a trabalhar, as coisas podem começar a ficar complicadas, porque, com o petróleo em baixa entram menos dólares e, não havendo dólares não há pagamentos nem divisas a sair, já que a moeda angolana não é transacionável internacionalmente.

Esperemos que não se repitam cenas dos idos anos de 1975!

Para que não sejamos tentados a concluir que esta Angola “próspera e rica”, afinal não existe!

 

O.C.

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