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OuremReal

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09.02.12

Patriotismo


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O sr Martin Schulz é alemão e presidente do Parlamento Europeu. No dia 1 deste mês, em Bruxelas, terá criticado o facto do primeiro-ministro português ter ido a Angola, em Novembro último, pedir aos angolanos para investirem em Portugal. Na mesma ocasião referiu como negativa a proximidade entre a U.E. e a China, (veja-se a facilidade com que os produtos chineses circulam por aí e como ameaçam as economias da cada país), referiu as diferenças dos modelos sociais de uns e outros e criticou o facto da U.E. não estar a privilegiar o relacionamento interno.

Podia, também, ter referido a viagem da sr.ª Merkel à China, há uma semana. Ou a disponibilidade manifestada pelo primeiro-ministro chinês para ajudar os países do euro a sair da crise da dívida soberana. Ou a venda que o governo português fez à China da sua parte da Galp. Tudo isto ilustraria a tese de que os países do euro andam num salve-se quem puder, atabalhoado, e que a dita União, não é assim tão unida quanto necessário.

Como não podia deixar de ser, as palavras do sr Schultz, da mesma maneira que as da sr.ª Merkel sobre a Madeira, desencadearam um coro de reclamações de ilustres personalidades cá do retângulo, deputados, membros do governo, principalmente.

Analisando a coisa friamente:

A China é um país democrático? Angola é um país democrático? Por que é que um e outro são países ricos? Será que o são mesmo? Será que são fiáveis? A quem pertence a riqueza? Como vivem os povos desses dois países? Como é que se compreende que países da U.E., que tão exigentes são para tanta coisa, privilegiem esta aproximação em desfavor do fortalecimento e defesa da União?

Naturalmente que nem todos responderão da mesma maneira a todas estas questões, mas o que me parece é que o sr Schulz tem alguma razão naquilo que disse. Como a sr.ª Merkel não deixa de ter razão, quando aponta a gestão madeirense como um exemplo do mau aproveitamento dos milhões de euros de fundos comunitários esbanjados em túneis e autoestradas.

Claro que se analisarmos o mesmo assunto metendo “patriotismo” à mistura, a coisa muda de figura. Ou seja:

O sr Schulz não tem nada a ver com o que o sr Passos Coelho foi fazer a Angola, nem a sr.ª Merkel tem que meter o nariz no que se faz ou deixa de fazer na Madeira. Portugal é um país soberano, faz o que muito bem entende e não tem que dar satisfações a quem quer que seja.

Pois, era assim que devia ser! Só que, de facto, não é assim! Infelizmente!

Estamos a viver à custa da “caridade” do FMI e do BCE, muito perto de voltar aos tempos em que tivemos de meter o patriotismo no saco e encaixar 60 longos anos de governação estrangeira. De outra forma, é certo! Mas já estamos a ser governados pela Troyca e o nosso primeiro-ministro, daqui a pouco, e a continuar com a falta de capacidade para encontrar soluções para Portugal, não passará de um representante da dita, feito Miguel de Vasconcelos de triste memória.

 

O.C.

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