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OuremReal

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18.11.08

Democracia de 6 em 6 meses!


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A Presidente do PSD, Dr.ª Manuela Ferreira Leite, fala pouco; e, quando fala, revela alguma inabilidade para o discurso. A leitura que faço do silêncio é que é uma pessoa inteligente e, como tal, acha que se estiver calada não corre o risco de dizer o que não deve.

Desta vez, no decurso de uma palestra, defendeu a suspensão da democracia por períodos de 6 meses.

Desconheço a intenção e o exacto contexto em que o disse, mas não vou cometer o erro de apreciação, talvez precipitado, do seu companheiro de partido, Filipe Menezes, que numa interpretação oportunista das palavras, logo aproveitou para pedir eleições internas e substituição da liderança; parto do princípio que terá, metaforicamente, querido dizer que se deveria poder parar para reflectir. Será que foi isso que quis dizer? Se foi... enfim... disse aquilo, como poderia ter dito outra coisa qualquer, e não tem importância nenhuma; poderia ter continuado calada e nada se perdia; se, porventura, o meu "palpite" estiver errado e a interpretação de Filipe Menezes estiver certa... então, o caso é mesmo sério! E a Presidente do PSD deveria ter concluído o seu raciocínio. No que estaria a pensar? Que alternativa? Golpe de Estado? Ditadura? E qual seria o seu papel durante a tal suspensão? Fico curioso e seria bom que isto se esclarecesse.

 

Mas, também há outra maneira de ver a questão!

 

Pessoalmente, acho que o nosso modelo de democracia é excessivamente representativo, com prejuizo do aspecto participativo das populações; embora reconheça que as pessoas poderiam e deveriam ser muito mais participativas, mais responsáveis (e responsabilizadas também) do que, de facto, são; e se o não são é, também, porque não querem!

E também há muita gente que acha que, em democracia, cada um faz o que lhe apetece, sem regras, sem respeito pelos outros, quando, afinal, viver em democracia implica muita responsabilidade e disciplina, colectiva e individual, respeito por regras que equilibrem a convivência e salvaguardem direitos e deveres de todos e de cada um. Digamos que não é tão fácil como possa parecer! 

Quem experimentou a vida em ditadura e não sofre de amnésia, sabe a diferença entre essa vida e a democracia.

Quem não sabe o que é viver em ditadura corre o risco de não valorizar, suficientemente, a democracia e estar a desperdiçar, ou não aproveitar, o bem que tem, mesmo que relativo.

Para estes, a "receita" da Dr.ª Manuela Ferreira Leite poderia ser benéfica.

Talvez, comparando a vida em democracia e a falta dela, acabassem por melhorar as suas convicções! E comportamentos também!

 

O.C.

16.11.08

Quem semeia ventos...colhe tempestades!


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Quem semeia ventos, colhe tempestades!

 É um ditado tão velho, quanto actual!

A srª ministra da educação, quando chegou ao ministério que tutela, pôs em prática a velha, estafada e perigosa táctica de criar ambiente favorável à acção que idealizou e que se preparava para pôr em prática. Sabia, antevia, que o alvo, os professores, iriam reagir mal. Logo, era preciso que a opinião pública estivesse preparada para achar que as tais medidas se justificavam e que os professores eram mesmo aquilo que se dizia:

ensinavam mal, porque o insucesso dos alunos era grande; trabalhavam pouco, porque se limitavam a dar as suas aulas e iam tratar da sua vida como se não pensassem mais na escola; tinham três meses de férias e faltavam muito; e não queriam ser avaliados; eram promovidos automaticamente, leia-se, progrediam na carreira, da mesma maneira, os bons, os maus, os assim, assim; enfim, aquelas coisas todas que muito boa gente "já desconfiava" que era mais ou menos isso e, então, se a sr.ª ministra agora vinha com uma conversa a puxar para esse lado, então era mesmo verdade e as tais medidas correctivas já deviam ter vindo há muito tempo.

Pronto! Preparada a terra, era só semear! E assim foi!

A aposentação com 36 anos de serviço e 60 de idade, foi à vida! O "público" aplaudiu, porque se os "outros" só se aposentam aos 65, por que é que os sr.s professores têm que ser diferentes?

Algumas escolas passaram a prestar mais um serviço social, com prolongamento de horários, a tal escola a tempo inteiro, com professores a desempenhar tarefas para as quais não estavam muito motivados. O "público" aplaudiu, porque era preciso ter os filhos ocupados.

As férias (que, afinal, não eram de 3 meses) foram "corrigidas" sem que se mudasse grande coisa, a não ser o tempo de encerramento das escolas, durante as interrupções do Natal, do Carnaval, da Páscoa e do Verão; Os mesmos aplausos, porque os alunos estão menos tempo em casa e mais na escola;

O horário das 35 horas semanais manteve-se, mas a componente sem alunos passou a ser cumprida quase toda na escola, em tarefas diversas, com os professores a queixarem-se de que não têm tempo para preparar as aulas e outras tarefas que respeitam aos seus alunos; continuam os aplausos, porque se os "outros" trabalham 8 horas por dia, por que é que os professores não podem trabalhar 7?

E o célebre estatuto da carreira docente, publicado com o Decreto Lei n.º 139-A, de 28 de Abril de 1990, depois de mexido e remexido em 1997, 1998, 2003 e 2005, foi, pura e simplesmente, pulverizado, com o Decreto lei n.º 15, de 19 de Janeiro de 2007, com 80 e tal por cento dos artigos alterados ou revogados; aqui, não sei se o "público", em geral, está suficientemente informado para aplaudir ou não;

Mas sabe, ou melhor, está informado, de que os professores progrediam na carreira sem serem avaliados e, agora, não querem avaliação. O "público" aplaude, porque acha que devem ser avaliados, sim senhor, para melhorar a qualidade do ensino; pelo menos é isso que ouvem dizer.

 Para quem interessar:

 Havia avaliação, regulada pelo Decreto n-º 11, de 15 de Maio de 1998, que, tal como o actual, o Decreto Lei n.º 2, de 10 de Janeiro de 2008, não garante a tal melhoria da qualidade do ensino, como se apregoa. O primeiro, nesse aspecto, era de uma ineficácia completa; o segundo é um absurdo de burocracia e conflitualidade.

E há, ainda, a invenção "luminosa" dos professores titulares que só se entende como uma das peças da estratégia para criar o tal clima propício; ou seja: os professores são avaliados por professores, logo, é preciso que estejam uns de um lado, outros do outro; dividir para reinar é uma velha táctica; os mais antigos foram "promovidos" a titulares, no pressuposto de que antiguidade e competência são a mesma coisa; e os que não são titulares vão ter que se esfolar para algum dia o serem, porque o crivo, agora, é muito apertado e o "numerus clausus" estraga o resto. Acho que, aqui, o "público"  não aplaude todo da mesma maneira;

Juntemos o novo regime de autonomia, gestão e administração dos estabelecimentos públicos da educação pré-escolar e dos ensinos básico e secundário,  publicado com o Decreto n.º 75, de 10 de Janeiro de 2008, para percebermos a real importância que o poder central dá a cada um dos componentes da comunidade educativa no funcionamento das escolas. O "público" aplaude, no convencimento de que quanto mais puder intervir na vida da escola, melhor esta será.

A sementeira da sr-ª ministra, de que aqui fica um pequeno retrato, não demorou muito a dar frutos:

- escolas fechadas a cadeado por alunos, por encarregados de educação, ou por não sei quem;

- professores descontentes, desmotivados, desautorizados e até agredidos;

- professores a fugir para a aposentação a todo o custo;

- muita gente com vontade de não cumprir a lei da avaliação e não me admiraria muito se a causa fosse angariando cada vez mais adeptos;

- manifestações com 120 000 na rua, a protestar; não sei se eram todos professores, mas tanto faz;

- sindicatos em braço de ferro com a ministra, com os activistas do costume a ter tempo de antena suficiente para que se fique com a ideia de que têm sempre razão e não se perceba que, também eles, têm culpas pela actual situação;

- manifestações "espontâneas" convocadas por sms, com alunos que recebem a ministra e secretários de estado com tomates e ovos e que vão para a rua protestar, porque não querem o estatuto do aluno; 

-aproveitamento político da situação, com dirigentes partidários a fazer de conta que estão mais preocupados com os problemas dos professores do que com os votos que possam arrecadar para o respectivo partido;

Em conclusão:

A sr.ª ministra, a quem a teimosia parece ter tirado a lucidez necessária para dar a volta por cima, tanto semeou que, agora, é só colher.Faça bom proveito!

 

O.C. 

10.11.08

Ir ou não ir à "manif."


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Não fui à "manif." do passado sábado, a Lisboa, onde terão estado 120 mil a protestar contra o governo, apesar do pretexto ser a ministra da educação. Não fui, mas gostava de ter ido. 

Contra a ministra da educação que não pára de fazer e dizer disparates ( porque a questão da avaliação dos professores está longe de ser o pior da sua brilhante governação);

Contra a ministra da saúde que já devia ter-se dado conta que as pessoas não entendem nem aceitam que lhes retirem o pouco que têm sem que lhes dêem, em troca, algo de melhor ou, no mínimo, equivalente;

Contra o ministro do trabalho que está tão preocupado com os empresários (pequenos, médios, grandes ou assim,assim) que arranja um novo código de trabalho que, longe de ir salvar as empresas, vai dar cabo de alguma réstia de regalia que ainda sobrava para os trabalhadores, porque o mal não está (só) nos trabalhadores, mas também (e muito mais do que se possa pensar) na impreparação e falta de qualidade dos empregadores e na sua filosofia de vida;

Contra o ministro das finanças que foi tão rápido a salvar e salvaguardar bancos, banqueiros e capitalistas e ainda não teve tempo para dar ordem aos serviços que dirige para não tributarem os aposentados 14 vezes por ano, em vez de 12, nos descontos para a ADSE;

Contra o primeiro ministro que vai dando cobertura a tudo isto e não teve / não tem a coragem de reconhecer que, se não sabe, ou não pode ser aquilo que diz que é, deve, pura e simplesmente, demitir-se.

E como ninguém pedia a identificação dos manifestantes, ser ou não ser professor não era problema; seria mais um naquele mar de descontentamento.

E quando ouço a sr.ª ministra da educação dizer que que este modelo de avaliação vai manter-se, custe o que custar, apetece-me aplaudir, porque será mais um passo para que ela acabe por deixar de ser ministra; espero eu!

E quando ouço o sr. primeiro ministro dizer que há manipulação, que há forças político-partidárias a aproveitar e a capitalizar o descontentamento, que é a oposição a explorar a situação por causa do aproximar das eleições... bem... se esta conclusão não fosse tão triste, dava para rir. Não é que não seja verdade! É claro que isso é verdade! Mas não poderia acontecer, se o descontentamento não existisse! E se o descontentamento existe ( e não é só por causa da avaliação dos professores; repito) o melhor que o sr. primeiro ministro deveria ter feito era explicar, de maneira que se perceba, por que é que tem que ser assim e não pode ser de outra maneira;

E vir para a televisão fazer crer que os professores que foram à manifestação ou foram manipulados ou estão do lado da oposição, é ridículo!

E se se acrescentar que as Escolas, de um modo geral, prosseguem, tranquilamente, com o processo de avaliação dos professores;

E que os resultados escolares dos alunos estão a melhorar, porque os professores estão tão" felizes" com todas as medidas implementadas pelo ministério, que isso se repercute, clara e positivamente, no aproveitamento dos alunos... então o ridículo deixa de o ser e passa a ser outra coisa que eu não sei qualificar.

 

O.C.

06.11.08

Há dias assim!


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O dia não foi grande coisa e a noite correu mal.

Primeiro foi a notícia da interrupção do funcionamento da Assembleia Regional da Madeira, até que o PSD queira, porque houve um deputado doutro Partido que se "portou mal" e foi posto na rua. Ali, manda quem pode. Democraticamente...!!!

E como vivemos num País onde não há (parece) ninguém que ponha na ordem quem não respeita nada nem ninguém, nem, sequer, a Constituição... siga!

Depois foram os 2-0. É mau, mas podia ter sido pior! Paciência!

Como não há duas sem três, fui dar a habitual vista de olhos ao Miradouro e dei de caras com o materialismo histórico. Embrulhei-me um bocado com a composição orgânica do capital e fiquei na dúvida entre o capital constante e o capital variável. Acho que às vezes convém que seja constante, mas, de vez em quando, dá jeito que seja variável. Conforme as conveniências.

Mas, continuo na minha: tudo o que mexe com capital... é capitalismo. A diferença está só na côr da nota, porque enquanto tudo depender do capital... estamos feitos!

E, para fechar, foi a nota do gabinete do PCP sobre as presidenciais dos EUA. Depois de não sei quantos dias, semanas, meses, já nem sei, a ouvir e ver Obama p'ra cá, Mcain p'ra lá, não percebo a necessidade desta nota de imprensa, porque, pensava eu, já estava tudo mais do que dito e redito sobre o assunto. Mas, pelos vistos, não.

Acabo o serão a ouvir e ver o debate sobre a nacionalização do BPN, na RTP1.

Confesso que não tenho capacidade para continuar.

O PCP é contra a nacionalização do BPN; eu devo estar a ouvir mal ou está tudo ao contrário; o B.E. lê uma lista de responsáveis pela gestão do banco e liga-os ao PSD; a direita é a favor desta nacionalização, depois de  defender menos Estado e melhor Estado; acho que estou a ouvir cada vez pior; e o PSD  defende-se dizendo que, embora alguns dos responsáveis pela gestão danosa do banco sejam do PSD, isso não significa que seja um banco do PSD e que a culpa será do Banco de Portugal ou de quem devia ter supervisionado e não o fez; o PS, como não podia deixar de ser, acha que o governo fez muito bem ao nacionalizar o banco para defender os trabalhadores, as empresas e os depositantes e não diz onde foi buscar o dinheiro para salvar os accionistas, nem esclarece muito bem por que motivo foi tão rápido a pôr tantos milhões à disposição do sector bancário e não tem o mesmo procedimento para problemas aparentemente mais importantes.

Já desliguei a televisão.

Resumindo e concluindo:

O que se passou no Parlamento Regional da Madeira, além de vergonhoso, é grave!

O Benfica jogou mal e mereceu perder; assim não vai longe!

A política e os políticos que temos dão-me cabo da paciência!

Mas admito que quem está errado sou eu.

 

O.C.